O CICLO DE VIDA DAS REDES DE COOPERAÇÃO EMPRESARIAL: UMA ANÁLISE DAS REDES CONSTITUÍDAS NOS VALES DO RIO PARDO E TAQUARI

JAQUELINE INES AGNES, EMMANUEL BRANDOLFF JARDIM, DOUGLAS WEGNER

Resumo


Na era da competitividade global as empresas necessitam cada vez mais buscar estratégias alternativas para sobreviverem e alcançarem sucesso em seus objetivos. Uma dessas estratégias é a formação de arranjos interorganizacionais cooperativos, dentre os quais destacam-se as redes de cooperação empresarial, que promovem a cooperação sobretudo entre pequenas e médias empresas. Apesar dos incentivos oferecidos por programas de apoio e da criação de um número considerável de redes em todo o país nos últimos dez anos, prestou-se pouca atenção ao seu processo de desenvolvimento e consolidação, havendo poucos estudos que analisam a dinâmica da cooperação nessas redes e as mudanças que ocorreram ao longo do tempo nas redes constituídas. Com base nessa lacuna, o presente estudo teve como objetivo analisar o estágio de desenvolvimento de todas as 28 redes de cooperação formalmente constituídas nos Vales do Rio Pardo e Taquari desde o ano 2000. Para tanto, foi utilizado o modelo de ciclo de vida das redes de empresas proposto por Wegner et al (2013), o qual caracteriza as redes por seis estágios: (i) Concepção; (ii) Nascimento e Formalização; (iii) Desenvolvimento; (iv) Consolidação & Maturidade; (v) Declínio e (vi) Dissolução. No tocante à metodologia, foi utilizada uma abordagem qualitativa. Para a coleta de dados, definiu-se a realização de entrevistas com dois representantes de cada uma das redes mapeadas, preferencialmente o atual presidente da rede e um empresário participante, selecionado aleatoriamente. Uma vez concluídas as entrevistas com os representantes das redes, a equipe de pesquisadores realizou a análise para classificação de cada rede, confrontando as entrevistas transcritas com a descrição de cada estágio do ciclo de vida, conforme o modelo teórico de Wegner et al (2013). Dentre os resultados obtidos, foi verificado que das 28 redes existentes na região, uma foi transformada em associação setorial e 14 estavam formalmente encerradas. Sobre isto, um motivo considerado crucial por boa parte dos entrevistados foi o encerramento do Programa Redes de Cooperação, interrompendo a continuidade da consultoria, que auxiliava na estruturação das atividades e garantia legitimidade às ações desenvolvidas pelas redes. Quanto às demais, seis (21% do total) revelaram características que apontavam para o estágio de Desenvolvimento. Apenas três redes (11% do total) chegaram ao nível de Consolidação & Maturidade, estágio mais elevado do ciclo. Cabe ressaltar que, destas três redes, uma passou por uma reestruturação e outras duas adotaram a estratégia de cooperação com outra rede do seu segmento, o que resultou em maiores ganhos de escala e maiores negociações com fornecedores, levando à sua consolidação. Duas redes (7% do total) demonstraram fortes evidências de estarem no estágio de Declínio do ciclo. Outras duas foram classificadas no estágio de Dissolução, pois encontram-se muito próximas do encerramento e dificilmente conseguirão reverter a trajetória. Considerando esses dados, é preocupante que somente três redes de um total de 28 tenham se consolidado. A maioria das redes não conseguiu se manter em atividade, sendo necessário reativar programas de apoio à cooperação empresarial, com o acompanhamento das redes ao longo dos processos por elas desenvolvidos.


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