SUBJETIVAÇÃO E EXPERIÊNCIA: ANÁLISE DE AÇÕES DIRIGIDAS À REDUÇÃO DA HOMOFOBIA E DO HETEROSSEXISMO NA EDUCAÇÃO

MARIANA KRISTOSCH DOS SANTOS, CAMILA DEUFEL, NORTON DE SOUZA SOARES, EDUARDO STEINDORF SARAIVA

Resumo


"Admitindo-se que algo existe, permite-se que uns assumam, outros defendam, contestem, confrontem. A não existência remete-nos para um limbo onde nem a luta reativa pode ter lugar." (MAGALHÃES, 2006, p. 46). Faz-se necessário, como primeiro passo para a aceitação da diferença, que se tome conhecimento dela e que seja possível posicionar-se criticamente quanto a esta, não situando-se no lugar confortável do "não sou nem contra, nem a favor". A invisibilidade produz opressão, permitindo somente a não existência. O campo das políticas públicas de educação e os projetos pedagógicos relacionados à diversidade sexual e de expressões de gênero podem ser descritos como uma transformação do dispositivo da sexualidade, tal como descrito inicialmente por Michel Foucault, transformação esta que se evidencia a partir das disputas pela legitimidade política, moral e científica dos distintos saberes e discursos que tomam a sexualidade como objeto. Neste novo jogo, os termos pecado, doença, comportamento contra-natureza, inversão, imoralidade e abominação, entre outros, usados para se referir à diversidade sexual e de gênero, são excluídos do campo hegemônico da ciência e dos discursos governamentais e entram em cena os termos homofobia, direitos sexuais, direitos humanos, heterossexismo, heteronormatividade, entre outros, utilizados agora como recursos discursivos para a reversão das práticas de discriminação e preconceito. A presente pesquisa está dividida em três frentes: a) mapeamento e análise de experiências locais nas escolas estaduais de ensino médio da 6ª CRE (6ª Coordenadoria Regional de Educação do Rio Grande do Sul); b) análise dos materiais pedagógicos produzidos pela aliança entre as distintas esferas do governo (municipal, estadual e federal) e as ONGs e que são distribuídos/disponibilizados às escolas; c) criação de um instrumento para avaliar o preconceito contra orientação sexual a fim de dimensionar o impacto das ações pedagógicas na formação dos professores. O projeto está sendo desenvolvido em parceria com a UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), que realiza a mesma pesquisa na região metropolitana de Porto Alegre, o que possibilitará, na sua conclusão, a comparação entre os dados do interior e da capital do estado. Neste momento, o projeto está em fase de coleta de dados junto às coordenações pedagógicas das escolas da região, apontando apenas resultados parciais da pesquisa. Estes dados iniciais revelam o número reduzido de escolas que possuem trabalhos enfocando a diversidade sexual. Frente a este fato, dentro do projeto com alunos, professores e funcionários, foram criados espaços de escuta para melhor entendimento e esclarecimento frente às dificuldades expostas para o trabalho do tema no meio escolar. O instrumento destinado a avaliar o preconceito contra orientação sexual está em processo de validação, a partir de aplicações pilotos na capital e no interior do estado do Rio Grade do Sul.


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