EDUCAÇÃO E LINGUAGENS: A ESCRITA E OS PROFESSORES - OUTROS DADOS E REFLEXÕES

BIANCA BASTOS DA SILVA, CINTIA INÊS SSMANN, ISABELA XAVIER, FELIPE GUSTSACK

Resumo


Apresentamos, com este resumo, as considerações parciais do Projeto de Pesquisa "Educação e Linguagens: a escrita e os professores - outros dados e reflexões", em relação às práticas da escrita de acadêmicos em formação na Pedagogia e pesquisadores em formação no mestrado em educação. Consideramos as emergências dessas práticas de escrita, juntamente com as tecnologias de informação e comunicação - TIC, as quais têm contribuído para mudanças no processo de aprendizagem. Nossas reflexões tomam por base a concepção de linguagem, segundo Maturana e Echeverría, como a ação da qual participamos no processo contínuo do devir, no qual modelamos nossa identidade e o mundo em que vivemos. Das reflexões que emergiram, destacamos a constatação de que as práticas de escrita têm sido pouco potencializadas na graduação, tendo uma valorização maior no mestrado, mas, em ambos os níveis de formação, a leitura é uma das ações mais destacadas por professores e alunos no sentido de ser aquela que leva à aprendizagem. Mesmo assim, grande parte das práticas de escrita, especialmente na graduação, bem como as de leitura são de cunho acadêmico, técnico. Neste caso, as leituras e escritas acadêmicas não se constituem como ações que fortaleçam a interação e o diálogo, ocupando a função de meio, de ferramenta objetivada para se chegar a um fim. Ou seja, são utilizadas para apresentar informações, o que as deixa distantes de sua função formadora, de uma prática que potencializa a interação mútua. Para o aluno, consiste simplesmente em uma ação com a qual objetiva seu desejo de obter uma boa nota. E, para o professor, constituem o material concreto que serve apenas para a avaliação, sem posteriores debates. Tais características da leitura e da escrita acadêmicas parecem se agravar na sua relação com as novas tecnologias de informação e comunicação. Isto é, podemos dizer que, através da velocidade com que podemos nos comunicar, as conversações se ampliaram, pois estão acontecendo de maneira mais rápida. Porém, são ainda mais superficiais, uma vez que as perguntas e respostas tendem a seguir a lógica de causa e efeito, não permitindo o aprofundamento das relações. Conclusões do estudo até aqui realizado dão conta de que, por ser um fazer comunicativo-reflexivo, a educação se fortalece na medida em que pode estabelecer-se através de diferentes linguagens e meios de comunicação. Mas, considerando o modo como as TICs vêm sendo trabalhadas no contexto acadêmico, observamos que podem não estar contribuindo para as funções formadoras da linguagem, uma vez que se configuram muito mais pela troca de informações do que para e pela comunicação, não permitindo o diálogo e a interação mútua das pessoas em seus processos de formação, uma vez que o processo de formação sempre se dará na e pela linguagem.


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