DANO E REPARAÇÃO DO DNA EM PORTADORES DE DPOC E CÂNCER DE PULMÃO, UM ESTUDO CASO-CONTROLE

THAIS EVELYN KARNOPP, ANDREIA ROSANE DO MOURA VALIM, AUGUSTO FERREIRA WEBER, MARIBEL JOSIMARA BRESCIANI, LIA GONCALVES POSSUELO, ANDREA LUCIA GONÇALVES DA SILVA

Resumo


As doenças respiratórias constituem importante causa de adoecimento e óbito no mundo. Juntas, as doenças pulmonares são a principal causa de morte no mundo. Embora o tabagismo seja o principal agente etiológico da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) e do câncer (CA) de pulmão, apenas 10 a 15% dos fumantes ativos desenvolvem o CA de pulmão e 20% desenvolvem a DPOC. Estas doenças também são consideradas de ordem multifatorial, bem como demonstram uma estreita interação entre fatores genéticos e ambientais que desencadeiam estresse oxidativo. Este estresse oxidativo pode causar danos a todos os tipos de biomoléculas, provocando inclusive lesões no DNA, que quando não é corretamente reparado pode iniciar e promover a carcinogênese. O objetivo desta pesquisa em andamento é avaliar a presença de danos e a capacidade de reparação do DNA em portadores de DPOC e CA de pulmão. O estudo, de delineamento transversal, do tipo caso-controle, incluiu até o momento 16 portadores de DPOC, 16 portadores de CA de pulmão e 16 sujeitos controles (CO) com função pulmonar preservada, emparelhados em gênero e idade com os casos. Após a coleta de dados epidemiológicos e material biológico (sangue periférico) foram extraídos os linfócitos para realização do ensaio cometa na versão alcalina (pH-13), que identifica quebras simples, duplas e sítios álcali lábeis. A capacidade de reparação do DNA foi avaliada em uma alíquota de linfócitos incubados com agente alquilante metilmetano sulfonato (MMS) a 37°C por 5 minutos. Após a incubação e a retirada do MMS através de lavagem com PBS 1X, os danos no DNA foram avaliados pelo ensaio cometa alcalino, nos tempos zero, 60 e 180 minutos. As lâminas foram analisadas por microscopia óptica convencional, 100 células em duplicata, para o cálculo do Índice de Dano (ID) e identificação de células apoptóticas. O dano residual (DR) foi calculado como um percentual do dano inicial (60 minutos = 100% de dano) para o dano final (180 minutos). Nossos resultados revelaram predominância do gênero masculino em todos os grupos (CA n=12; DPOC n=12 e CO n=12), idade média adulta avançada (CA= 65.06±6.72; DPOC= 64.13±7.89; CO= 66.94±8.23) e presença de fumantes por mais de 30 anos maior nos grupos CA (n=11) e 240DPOC (n=15). O ID basal no DNA foi significativamente maior em portadores de CA (ID 228.69±81.46, p≤0,01) e DPOC (ID 210.13±95.93, p≤0,01) quando comparados aos CO (ID 18.63±26.87). O mesmo pode ser observado para ID nos tempos 60 minutos [(CA= 359.69±52.95 vs CO= 121.19±58.05, p≤0,01); (DPOC= 316.88±56.43 vs CO= 121.19±58.05, 240p≤0,01)] e 240180 minutos [(CA= 209.25±103.47 vs CO= 65.44±56.69, 240p≤0,01); (DPOC= 174.19±138.24 vs CO= 65.44±56.69, p≤0,014)]. Nenhuma diferença significativa foi observada para o DR entre os grupos (CA= 58.46±27.26; DPOC= 51.75±39.38; CO= 53.62±43.71). A frequência de células apoptóticas foi predominante no CA de pulmão (27.29±25.22) quando comparados aos DPOC (4.81±12.72). Diante do exposto, conclui-se que portadores de DPOC e CA de pulmão têm um elevado ID no DNA e deficiência na sua capacidade de reparação, o que pode levar a um acumulo de danos e formação da carcinogênese, respectivamente.240


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