QUANTIFICAÇÃO DE UREIA PLASMÁTICA POR ESPECTROSCOPIA DE REFLETÂNCIA DIFUSA NO INFRAVERMELHO: UM ESTUDO COM PRODUTORES RURAIS E TRABALHADORES DA AGROINDÚSTRIA

ALICE PEREIRA FREITAS, GUILHERME GÖRGEN DA ROCHA, MIRIAM BEATRÍS RECKZIEGEL, ÉBONI MARÍLIA R UTER, HILDEGARD HEDWIG POHL, VALERIANO ANTONIO CORBELLINI

Resumo


Atualmente a doença renal é um grande problema de saúde pública que acomete milhares de pessoas no Brasil e no mundo. A partir de marcadores bioquímicos presentes na urina e no sangue, pode-se dosar a Taxa de Filtração Glomerular (TFG), que é a melhor medida geral da função renal compreendida pelos médicos e pacientes. A TFG é definida como a capacidade dos rins de eliminar uma substância. A ureia é um metabólito nitrogenado derivado da degradação de proteínas e, apesar de ser filtrada livremente pelo glomérulo, não ser reabsorvida nem secretada ativamente, é um fraco preditor da TFG, pois 40-70 % retornam para o plasma por um processo de difusão passiva, que é dependente do fluxo urinário. A principal utilidade clínica da ureia está na determinação em conjunto com a creatinina. A razão ureia sérica/creatinina sérica pode indicar estados patológicos como necrose tubular aguda, baixa ingestão de proteínas, condições de privação alimentar ou redução da síntese de ureia por insuficiência hepática, quando os valores encontrados foram abaixo do esperado, e diminuição do fluxo sanguíneo renal, aumento na ingestão proteica e sangramento gastrintestinal quando os valores estiverem elevados. Outra utilidade da ureia está na sua dosagem urinária, que pode fornecer informações importantes no campo da nutrição. Para dosagem de ureia, a metodologia mais utilizada baseia-se em métodos enzimáticos colorimétricos. Entretanto, novos métodos estão sendo pesquisados, dentre eles a Espectroscopia de Absorção Molecular no Infravermelho com Transformada de Fourier (FT-IR). A FT-IR é classificada como uma metodologia com tecnologia limpa, superando em muitos aspectos as metodologias clássicas de quantificação de parâmetros bioquímicos, como a redução do volume necessário de sangue coletado e de resíduos gerados, permitindo uma rápida análise e de custos. Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi desenvolver uma metodologia de análise por FT-IR, utilizando amostra biológica, para triagem e monitorização terapêutica de trabalhadores da agroindústria do Vale do Rio Pardo. A ureia foi dosada em plasma de 120 indivíduos pelo método de referência, utilizando o analisador automático Miura One. Como método inovador, foram adquiridos os espectros de absorbância FT-IR, em quintuplicata, das respectivas amostras de sangue total pela técnica de reflectância difusa na faixa de 4000 a 600 cm-1, 4 cm-1 de resolução, 16 scans de varredura. Os espectros foram normalizados, corrigidos para espalhamento de luz (MSC), submetidos aos pré-processamentos auto escalado (AE) e pareto (PA) e correlacionados e correlacionando aos valores de ureia plasmática por análise de regressão por mínimos quadrados parciais (PLS) em software Pirouette 4.0 (Infometrix), com validação cruzada de mútua exclusão de um por vez. Foi possível elaborar um modelo PLS-DRIFTS com coeficiente de correlação de validação cruzada (R2) de 0,995 e erro quadrático médio padrão de validação cruzada (RMSECV) de 1,83 mg/dL utilizando 6 fatores e variância relativa acumulada de 45,5% Os resultados permitem concluir que FT-IR se mostra uma metodologia inovadora para quantificação de ureia atendendo às especificações da ANVISA, podendo ser aplicado como método de rotina in house. Na sequência, a investigação se dará através da seleção de faixas espectrais e da validação externa visando a melhorar a qualidade do modelo.


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