INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL E TOLERÂNCIA AO EXERCÍCIO FÍSICO EM PORTADORES DE DPOC

NATACHA ANGELICA DA FONSECA MIRANDA, DANNUEY MACHADO CARDOSO, DIOGO FANFA BORDIN, GUSTAVO JUNGBLUT KNIPHOFF, DULCIANE NUNES PAIVA, ANDREA LUCIA GONÇALVES DA SILVA

Resumo


A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é caracterizada por inflamação não reversível e progressiva que produz obstrução das vias aéreas com aumento da resistência do fluxo aéreo. Um dos principais sintomas é a dispneia associada à ocorrência de redução da força muscular respiratória e disfunção da musculatura periférica, gerando fraqueza muscular generalizada. Esses fatores conduzem à piora gradual do condicionamento físico, intolerância ao exercício e limitação nas atividades diárias. Objetivou-se quantificar independência funcional e tolerância ao exercício físico em portadores de DPOC ingressantes no Programa de Reabilitação Pulmonar (PRP) do Hospital Santa Cruz. Um estudo transversal está em andamento, do tipo estudo de casos, composto por amostragem de conveniência triada entre os portadores de DPOC participantes do PRP, em Santa Cruz do Sul 226 RS. A independência funcional foi avaliada através do questionário de Medida de Independência Funcional (MIF), que tem como finalidade verificar o desempenho do indivíduo para a realização de 18 tarefas referentes aos domínios motor (que abrange autocuidado, controle esfincteriano, transferências, locomoção) e cognitivo social (comunicação e cognição social). O valor atribuído a cada tarefa varia de 01 (assistência total) a 07 (independência completa), variando do valor mínimo de 18 ao máximo de 126. A tolerância ao exercício foi avaliada através do Shuttle Test, que é considerado um teste de carga incremental para portadores de DPOC. Este teste foi realizado em corredor plano, sendo o paciente orientado a caminhar em percurso de 10 metros, com aumentos progressivos da cadência de caminhada ditados por sinais sonoros. A estatística foi realizada pelo programa Statistical Package for Social Sciences for Windows (versão 20.0), através de métodos descritivos expressos em valores percentuais, médias e desvios-padrão (p<0,05). Foram avaliados portadores de DPOC (n=14) com média de idade 66,93 ± 6,22 anos e predominância do sexo masculino (n=09). O índice de massa corporal foi de 28,66 ± 6,71 Kg/m2, com estadiamento da doença entre moderado e muito severo pela prova de função pulmonar (espirometria) e classificação entre 01 e 06 pelo índice BODE, que estima sobrevida aproximada de 04 anos variando entre 57% a 80%. A média do MIF encontrada nos portadores de DPOC foi de 122,21 ± 6,60 pontos (mínimo de 101,00; máximo de 126,00 pontos), caracterizando-os como independência modificada (uso de óculos para correção visual) ou independência funcional completa. A distância média caminhada no Shuttle test foi de 370,11 ± 114,53 m, correspondendo a 48,63 ± 14,29 % do predito para sujeitos saudáveis nesta faixa etária. Importante ressaltar que houve grande variabilidade na distância caminhada nestes pacientes (mínimo=188,50m; máximo= 676,34m). O Shuttle test (% predito) estratificado pelo estadiamento da doença revelou: DPOC moderado caminhou 55,92±12,88 %; DPOC severo 47,61±12,95 % e DPOC muito severo 42,16±9,10 %. Nenhuma correlação foi observada entre o MIF, variáveis espirométricas e a distância caminhada no Shuttle test. Os portadores de DPOC deste estudo são independentes funcionalmente, porém apresentam diferentes níveis de tolerância ao exercício físico incremental e este parece estar associado com a progressão da doença.240


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