PERCEPÇÃO CORPORAL VERSUS CONSUMO ALIMENTAR EM TRABALHADORES DA AGROINDÚSTRIA E PRODUTORES RURAIS

POLLIANA RADTKE DOS SANTOS, ÉBONI MARÍLIA R UTER, MIRIAM BEATRIS RECKZIEGEL, HILDEGARD HEDWIG POHL

Resumo


A percepção corporal é um instrumento que permite avaliar como o indivíduo percebe-se, ou seja, como ele vê o próprio corpo. Muitas vezes, esta pode apresentar controvérsia com a situação real e isto pode estar correlacionado a fatores físicos, psicológicos e socioculturais, sendo que este distúrbio da imagem pode acarretar problemas de saúde de diversas ordens. A proposição deste estudo é verificar a relação entre a percepção corporal e o consumo alimentar dos trabalhadores da agroindústria e produtores rurais. Trata-se de um estudo descritivo, em que foram sujeitos 140 trabalhadores pertencentes à pesquisa Triagem de Fatores de Risco Relacionados ao Excesso de Peso em Trabalhadores da agroindústria usando novas tecnologias analíticas e de informação em saúde (CEP nº 2509/10), que avalia trabalhadores da agroindústria e produtores rurais pertencentes à Microrregião Sul do Conselho Regional de Desenvolvimento do Vale do Rio Pardo e do município de Santa Cruz do Sul (projeto-piloto). Os dados foram coletados através de questionário de consumo alimentar, que aborda questões referentes à imagem corporal percebida com a realidade. Além disso, foram realizadas, no Laboratório de Atividade Física e Saúde (LAFISA) da Universidade de Santa Cruz do Sul, medidas de estatura e peso corporal, para estimativa do índice de massa corporal (IMC). A classificação do IMC foi realizada através da proposição da Organização Mundial da Saúde e a escala de escolha para avaliação da percepção da imagem corporal foi a de nove silhuetas, proposta por Stunkard, Sorenson e Schlusinger, que ilustra desde a magreza (silhueta 1) até a obesidade severa (silhueta 9). Para análise estatística, foi utilizado o programa Statistical Package for Social Sciences for Windows (SPSS 226 versão 20.0), através de frequência e percentual. Entre os indivíduos pesquisados, 62,9% pertenciam ao sexo feminino, com a média de idade de 51,53 anos. Observou-se que 48,57% da amostra apresenta sobrepeso e 39,29% obesidade (tipo I, II ou III). Ao relacionar o IMC com a escala de percepção da imagem corporal atual, constatou-se que entre os indivíduos com sobrepeso 16,18% identificaram-se com as silhuetas 1, 2 e 3; 67,65% com as silhuetas 4, 5 e 6; e 16,18% com as silhuetas 7, 8 e 9. Já ao analisar os dados dos sujeitos com obesidade, observa-se que as silhuetas 1, 2 e 3 não foram mencionadas, no entanto 49,09% disseram pertencer as silhuetas 4, 5 e 6 e o restante (50,90%) viram-se na numeração 7, 8 e 9. Além disso, é válido ressaltar que 69,3% da amostra considera a sua alimentação normal, porém 49,3% classifica-se como 223gordo224 quando questionados sobre: 223como você de classifica?224. E, ao correlacionar o IMC obtido com esta mesma pergunta, percebe-se que 61,76% dos trabalhadores com sobrepeso consideram-se com peso normal (dentro do recomendado). A maioria dos sujeitos (61,4%) está insatisfeita com o seu peso e gostaria de diminuí-lo (resultado obtido através da pergunta: 223Você está satisfeito com seu peso?224). A partir destes resultados, destaca-se a importância de promover a percepção corporal com esta população, uma vez que alguns questionamentos apresentaram certa contradição nas informações. A insatisfação corporal deve ser tratada, pois esta influencia diretamente a situação de saúde do indivíduo como sobrepeso e obesidade, desempenho profissional e a relação interpessoal.


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