NOTAS TAXONÔMICAS E ECOLÓGICAS DE MEGASPILIDAE (HYMENOPTERA: CERAPHRONOIDEA) NO BRASIL

CLEDER PEZZINI, ANDREAS KOHLER

Resumo


O aumento da presença do homem em todo o planeta exerce uma grande ameaça sobre as outras espécies. Sendo assim, estudos taxonômicos são de grande relevância para que se conheçam as espécies existentes, de modo a elaborar estratégias de proteção e preservação. Megaspilidae é um grupo cosmopolita que compreende nove gêneros e cerca de 450 espécies descritas para o mundo, subdivididas em duas subfamílias: Lagynodinae e Megaspilinae. Na região Neotropical são descritas 19 espécies até o momento, distribuídas em quatro gêneros. Trata-se de indivíduos pequenos, com tamanhos entre 2-3 mm de comprimento, com coloração que vai do amarelo ao preto. As espécies de Megaspilidae são primariamente ectoparasitoides em casulos ou pupas de Diptera, mas também atacam Coccoidae (Hemiptera), Neuroptera, Coleoptera, Mecoptera, ou podem ser, ainda, pseudo-hiperparasitoide solitários em estágios de pré-pupa e pupa de Aphidinae (Braconidae). Atualmente, o conhecimento sobre as espécies de Megaspilidae na região Neotropical é muito escasso, se comparado com outros grupos. Objetivou-se, com esse trabalho, contribuir para o conhecimento da fauna de Megaspilidae, principalmente, na região sul do Brasil e amazônica, bem como alguns aspectos ecológicos. Foram identificados os indivíduos previamente tombados em duas coleções das quais se obteve material, Coleção Entomológica de Santa Cruz (CESC) e Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), elaborando-se uma chave dicotômica para os gêneros da família que ocorrem no Brasil, além de diagnoses das espécies encontradas, acompanhadas de ilustrações das principais características que separam cada espécie. Foram identificados 154 indivíduos da família Megaspilidae. Desses, 124 são fêmeas e 30 machos, distribuídos em dois gêneros, Dendrocerus Ratzeburg e Conostigmus Dahlbom. Identificou-se seis espécies, sendo uma nova para a ciência, D. riograndensis sp. nov., e uma morfoespécie. O gênero Conostigmus foi registrado pela primeira vez para o Brasil, com uma espécie do Rio Grande do Sul e duas do Amazonas. D. phallocrates foi considerado novo registro para o Rio Grande do Sul. A espécie com maior número de indivíduos foi Dendrocerus carpenteri,com 128 indivíduos e as demais espécies tiveram um número baixo de indivíduos. Essa espécie depende da presença de seus hospedeiros, principalmente Aphidius colemani e Praon volucre, parasitoides de Myzus persicae, principal espécie praga de pulgão no plantio de tabaco. Consequentemente, quando a presença do hiperparasitoide é alta em campo, o número de pulgões parasitados também é elevado, podendo, assim, D. carpenteri ser definido como bioindicador do potencial de controle biológico. Essas novas ocorrências se devem à escassez de estudos sobre essa família no Brasil, sendo o presente trabalho o primeiro a tratar do assunto no Rio Grande do Sul e um dos poucos do Brasil, ressaltando-se, assim, a importância de se continuar estudando a taxonomia dessa família ainda tão pouco conhecida na região Neotropical.


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