DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE COCCINELLIDAE (COLEOPTERA) EM CULTIVO ORGÂNICO E CONVENCIONAL DE TABACO NO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL

FABIELE CRISTINE HINTZ, ANDREAS KOHLER

Resumo


O Brasil está entre os maiores produtores de tabaco, mantendo a segunda posição em termos de maior produção há mais de uma década. É uma cultura antiga, praticada no país inicialmente pelos indígenas, a qual teve continuidade e concentra-se principalmente na região sul, com cerca de 95% da produção, da qual 50% é advinda do Rio Grande do Sul. Neste cultivo estão presentes insetos-pragas que podem vir a debilitar a planta, uma vez que alojam-se nas raízes, caules, folhas ou brotos. Dentre os controladores biológicos destas populações está a família Coccinellidae, que compreende coleópteros cosmopolitas de hábito predador. Neste contexto, objetivou-se analisar a distribuição espacial de coccinelídeos em cultivo de tabaco (Nicotiana tabacum L.) no Rio Grande do Sul, Brasil. A pesquisa foi realizada em lavouras com cultivo de manejo orgânico e convencional na ADET, propriedade da Japan Tabacco Industry (JTI), localizado em Cerro Alegre, Santa Cruz do Sul-RS. As coletas foram realizadas semanalmente, no período de dezembro 2013 a janeiro de 2014, com o auxílio de armadilhas de solo do tipo Pit-fall e armadilhas interceptadoras de voo do tipo Malaise. Na lavoura orgânica as armadilhas foram distribuídas em duas linhas de amostragem, sendo estas divididas em quatro pontos de coleta (fora, borda, dentro e meio), enquanto na lavoura convencional foi estabelecida somente uma linha contendo quatro pontos, igualmente nomeados. Na bordadura, adjacente à lavora orgânica, foram instalados seis pontos, uma em cada área de semeadura com plantas forrageiras. Em cada um dos pontos foram instaladas quatro armadilhas240Pit-fall240e uma de240Malaise. Num total, foram amostrados 487 indivíduos, sendo 60,57% em cultivo orgânico, 11,30% em cultivo convencional e 28,13% na bordadura. O maior percentual foi amostrado na linha II do cultivo orgânico, com 175 indivíduos, enquanto a linha I apresentou 123. Já entre os pontos, a maior abundância foi na borda, com 122 indivíduos, seguido por 89 no ponto fora, 49 no ponto dentro e 38 no meio do plantio, mostrando a tendência dos coccinelídeos de voar para dentro do plantio para predação. A bordadura teve maior destaque no ponto 4, com 33 indivíduos, seguido pelo ponto 1, com 31, ponto 5, com 29, ponto 6, com 22, ponto 3, com 17, e, por fim, ponto 2, com 5 indivíduos. Em relação ao cultivo convencional, o qual possui apenas uma linha de amostragem, a maior concentração de espécimes foi encontrada no ponto fora, com 21, seguido pelo ponto meio, com 15, dentro, com 12, e na borda, com 7, o que demonstra os impactos causados pelo uso de agrotóxicos neste tipo de manejo. Dentre as nove espécies identificadas, destacam-se Hyperaspis (Hyperaspis) festiva, com 210 indivíduos, Stethorus spp., com 82, Cycloneda sanguinea, com 63 e Eriopis connexa,com 52 indivíduos. Todas as espécies possuem hábito alimentar polífago e são exímios predadores de afídeos ou larvas de outros insetos, apresentando grande atividade de busca pelo alimento, ocupando todos os ambientes de suas presas, vorazes predadores nas fases larval e adulta. Assim, foi possível estabelecer um panorama da distribuição espacial de coccinelídeos na cultura, demonstrando sua influência sobre os insetos-praga e fornecendo dados para futuros programas de manejo integrado no cultivo orgânico de tabaco.


Apontamentos

  • Não há apontamentos.