CARVÃO VEGETAL MACROSCÓPICO ASSOCIADO A DEPÓSITOS VULCÂNICOS DO CRETÁCEO, PONTAL PRICE, PENÍNSULA ANTÁRTICA.

RAFAEL SPIEKERMANN, TÂNIA LINDNER DUTRA , JOSELINE MANFROI, ANDRÉ ASPER

Resumo


A ocorrência de fragmentos vegetais carbonizados no registro fóssil é considerada evidência direta da presença de paleoincêndios vegetacionais. Os incêndios vegetacionais são um elemento de relevada importância na dinâmica de uma grande variedade de ecossistemas modernos e, provavelmente, atuaram de forma semelhante em períodos pretéritos, sendo que evidências podem ser encontradas na forma de Carvão Vegetal Macroscópico desde o Siluriano até o Quaternário. Este fato sustenta a hipótese de que os incêndios vegetacionais ocorrem com maior ou menor regularidade, agindo como modeladores dos ambientes terrestres desde o surgimento das primeiras plantas vasculares na Terra. Desta forma, o estudo de paleoincêndios vegetacionais, através do Carvão Vegetal Macroscópico, é uma importante ferramenta que auxilia na compreensão das mudanças ambientais que ocorreram no passado. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a presença de matéria vegetal carbonizada em depósitos do final do Cretáceo na Península Antártica, associados a uma deposição eminentemente vulcânica. O material estudado é proveniente do Pontal Price, localizado na parte sul da ilha Rei George, porção nor-ocidental da Península Antártica, sendo oriundo de coletas realizadas durante as expedições brasileiras à Península Antártica, com o apoio do Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR), e encontra-se depositado no Laboratório de História da Vida e da Terra (LAVIGAE) na seção Antártica, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). As amostras foram analisadas em laboratório a olho nu e sob estereomicroscópio (aumentos entre 10 e 40 vezes), buscando-se encontrar elementos que denunciassem a presença de porções vegetais carbonizadas. Os fragmentos que apresentaram características de Carvão Vegetal Macroscópico foram retirados mecanicamente das amostras e montados sobre stubs providos de fita adesiva dupla-face, metalizados com ouro e analisados sob Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV). As análises em MEV permitiram a definição das características morfo-anatômicas dos fragmentos vegetais que remetem a lenhos com afinidade gimnospérmica. Além disso, os fragmentos apresentaram paredes celulares homogenizadas, o que comprova o processo de queima na vegetação. As evidências de incêndios vegetacionais nestes níveis correspondentes ao final do Cretáceo confirmam um intervalo de intensa atividade vulcânica, sendo coerente com as informações provenientes das litologias associadas a este depósito.


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