DIVERSIDADE PAISAGÍSTICA E USO DO SOLO EM PROPRIEDADES DE PRODUTORES DE TABACO NA REGIÃO DO VALE DO RIO PARDO, RS

HUMBERTO OSCAR BURIN LANGE, ANDREAS KOHLER

Resumo


O interior de cidades como Santa Cruz do Sul, Vale do Sol e Candelária possui propriedades em que grande parte da cobertura espacial é composta por lavouras de tabaco, proporcionando aos proprietários muitas vezes sua principal fonte de renda. Além disso, os produtores de tabaco possuem diversos ambientes naturais em suas propriedades, bem como pequenas parcelas com outros cultivos que auxiliam como fonte de renda ou para o sustento próprio. Dessa forma, uma propriedade deve conter culturas necessárias à sobrevivência da família do fumicultor, além de preservar ambientes naturais que auxiliem ou gerem menos impacto negativo para a manutenção da biodiversidade local, visando o equilíbrio e a conservação do meio ambiente em que ela está inserida. O objetivo desse trabalho foi avaliar o uso do solo e a diversidade de ambientes em propriedades de fumicultores, calculando uma nota para cada propriedade, baseada na importância biológica de cada ambiente presente para a biodiversidade local. As propriedades selecionadas localizavam-se nos municípios de Candelária, Santa Cruz do Sul e Vale do Sol, situados no Vale do Rio Pardo, região central do RS. Foram escolhidos 52 produtores de tabaco e realizada a visita a propriedade de cada produtor. A área da propriedade era demarcada, bem como a ocupação e caracterização de cada ambiente inserido nela. A partir de notas pré-estabelecidas para cada elemento paisagístico, de acordo com o nível de biodiversidade esperado em cada um, calculou-se o valor da diversidade paisagística para cada propriedade, bem como uma nota para a importância ecológica desta, incluindo elementos paisagísticos de preservação permanente num raio de até 3 km no entorno. As propriedades de Candelária obtiveram a maior média da diversidade paisagística (7,03), seguidas por Vale do Sol (6,95) e Santa Cruz do Sul (6,59). A diferença das notas é baixa, porém quando se multiplica a nota pelos valores das zonas de amortecimento, Candelária se destaca das outras duas cidades: 3,21. Vale do Sol (2,01) e Santa Cruz do Sul (1,39) aparecem logo abaixo. Quanto a porcentagem dos cultivos/ambientes, é possível inferir que o plantio de tabaco foi o mais abundante nos três municípios, além de apresentar os menores coeficientes de variação, indicando que as áreas destinadas a esse cultivo eram semelhantes proporcionalmente ao tamanho de cada propriedade. Após o tabaco (28,63%), a mata nativa apresenta 17,28% do total das médias gerais dos municípios, seguida de eucalipto (10,87%), campo limpo (9,77%) e campo sujo (7,8%), entre os valores acima de 5%. O estudo demonstrou uma variedade grande de cultivos/ambientes nas propriedades de fumicultores, mas confirmou a predominância do tabaco nas áreas levantadas, deixando claro sua dependência na renda familiar dos proprietários. Alternativas que proporcionem outras fontes de renda igualmente importantes a esses proprietários devem ser incluídas. A diminuição das áreas de lavouras de tabaco favorece a qualidade do produto final e propicia espaço para outras culturas sustentáveis necessárias à vida do produtor, além de conter o avanço cada vez mais acentuado da agricultura nas áreas nativas.


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