GÊNEROS DE MYMARIDAE (HYMENOPTERA: CHALCIDOIDEA) ENCONTRADOS EM PLANTIO DE TABACO (NICOTIANA TABACUM L.) NA REGIÃO CENTRAL DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL

VINICIUS FERREIRA, CLEDER PEZZINI, MARINA RAUBER, ANDREAS KOHLER

Resumo


Hymenoptera possui grande diversidade, tendo em torno de 110.000 a 130.000 espécies descritas até o momento. No Brasil, acredita-se ter aproximadamente 10.000 espécies e, dentro desta ordem, é possível encontrar himenópteros parasitoides que têm grande importância biológica, ecológica e econômica, pois são considerados insetos benéficos na medida em que atuam como inimigos naturais de insetos-praga. Os indivíduos de Mymaridae são endoparasitoides primários de ovos de insetos, possuindo preferência por hemípteros. Porém, há relatos de parasitismo de ovos de Coleoptera, Lepidoptera, Diptera, Orthoptera, Odonata, Thysanoptera e Psocoptera. O objetivo foi a identificação dos gêneros de mimarídeos presentes na Coleção Entomológica de Santa Cruz do Sul (CESC), coletados a partir de armadilhas entomológicas em diferentes locais e manejos de tabaco. Os materiais examinados provêm de áreas de plantio de tabaco da empresa JTI Kannenberg nos municípios de Santa Cruz do Sul, Passa Sete e localidade de Rio Pardinho, sendo de manejo orgânico e convencional, e referentes a sete safras: 2008/2009 até 2014/2015. Para a coleta do material, utilizou-se dois tipos de armadilhas: Malaise e pit-fall. A identificação dos exemplares foi baseada em caracteres morfológicos por comparação com as descrições originais dos gêneros e chaves de identificação existentes. Devido a problemas taxonômicos, apenas as fêmeas foram identificadas. Ao longo de todas as safras, foi amostrado um total de 6.189 indivíduos, destes, 4.589 fêmeas, 1.006 machos e 594 indivíduos danificados. Dos 6.189 indivíduos, 5.159 (83%) foram amostrados em lavouras com manejo orgânico e 1.030 (17%) amostrados em lavouras com manejo convencional. Quanto à diversidade de gêneros, pôde-se notar que há maior nÚmero em manejo orgânico, onde se identificou 17 gêneros, ao contrário do convencional, com 11. Os gêneros mais abundantes no plantio orgânico foram Gonatocerus com 2.331 indivíduos (61%), Polynema, com 753 indivíduos (20%) e Anagrus, com 256 indivíduos (7%). Os demais gêneros Acmopolynema, Alaptus, Anaphes, Camptoptera, Cleruchus, Cnecomymar, Erdosyella, Erythmelus, Kalopolynema, Litus, Neomymar, Neostethynium, Schizophragma e Stephanodes apresentaram 474 indivíduos (12%). Já em manejo convencional, os gêneros mais abundantes foram Gonatocerus, 325 indivíduos (42%), Anagrus, com 281 (36%) e Polynema, com 37 (11%) e os demais gêneros Acmopolynema, Alaptus, Anaphes, Camptoptera, Cnecomymar, Erdosyella, Erythmelus, e Stephanodes, com 82 indivíduos (11%). A armadilha de coleta mais eficaz foi a armadilha Malaise, com 6.011 indivíduos amostrados (97%), uma vez que a mesma é destinada à captura de insetos voadores, enquanto que a pit-fall capturou 178 indivíduos (3%), esperadamente por se tratar de uma armadilha de captura de insetos rastejantes. Dessa forma, pode notar que o cultivo orgânico de tabaco apresentou melhores condições para a presença de inimigos naturais que realizam o controle biológico, atacando os insetos-praga. Já no manejo convencional, observou-se um desequilíbrio por conta da utilização de agroquímicos que prejudicam a presença de insetos benéficos como vespas parasitoides.


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