FREQUÊNCIA CARDÍACA E SUA RECUPERAÇÃO PÓS-TESTE DE ESFORÇO EM TRABALHADORES RURAIS RELACIONADO COM OBESIDADE

CONRADO GUEDES LEAO, ÉBONI REUTER, HILDEGARD HEDWIG POHL, MIRIAM BEATRIS RECKZIEGEL

Resumo


O teste de esforço é um dos métodos não invasivos utilizados para diagnóstico de doenças cardiovasculares. A análise das respostas da frequência cardíaca (FC) durante a recuperação pode fornecer informações sobre o controle do sistema nervoso autônomo vagal no sistema cardiovascular. A anormalidade na modulação da atividade parassimpática e respectiva redução nas respostas da FC podem estar associadas tanto a obesidade como a outros fatores de risco, tendo como decorrência a morbimortalidade cardiovascular precoce. O objetivo do presente estudo é avaliar a recuperação da FC no pós-teste de esforço de trabalhadores rurais e sua relação com obesidade. Como metodologia, foi selecionado o estudo transversal analítico com avaliação de 113 trabalhadores rurais, 70 do sexo feminino, com idade média de 50,41±10,63 anos, submetidos a teste de esforço em esteira ergométrica, com o protocolo de Bruce modificado, analisando a recuperação da FC pós esforço. A FC de recuperação considerada foi a diferença entre a máxima obtida durante o esforço e a do 1º minuto pós esforço, sendo considerado como anormal ou atenuada (≤12 batimentos por minuto-bpm) e acima deste valor adequada. Já a obesidade foi caracterizada por dados antropométricos como estatura e peso para estimar o índice de massa corporal (IMC), bem como dobras cutâneas para percentual de gordura (%G). Estas variáveis foram classificadas e categorizadas respectivamente em: recomendável (18,5kg/m²≤25kgm²), sobrepeso (25kg/m²≤ 30kg/m²) e obeso (˃30kg/m²); e em adequado (de médio a excelente) e inadequado (de abaixo da média a muito ruim). Os dados foram analisados através do software (SPSS 20.0), pela estatística descritiva, de média e desvio padrão. A análise das variações da FC pós teste em relação as categorias de IMC e %G foram realizadas pelos testes Kruskal-Wallis e Mann-Whitney, respectivamente. Os dados apontam diferenças entre os valores de FC de recuperação dos diferentes grupos de IMC (p=0,001), apresentando o grupo obeso menor redução da FC pós teste de esforço (peso recomendável - 27,38±10,09bpm, sobrepeso - 22,50±9,92bpm e obeso - 15,06±10,08bpm). Esta diferença (p=0,034) também foi observada com relação às respostas de FC dos grupos com %G adequado (22,28±11,07bpm) e inadequado (17,03±9,29bpm). Os resultados indicam que o excesso de peso (tanto no IMC como no %G) apresentou respostas reduzidas na FC de recuperação pós teste de esforço, podendo sugerir alterações no sistema nervoso autônomo. Cabe ressaltar que as diferenças de idade entre grupos, com relação ao IMC e %G, não influenciaram na recuperação da FC p=0,595 e p=0,087, respectivamente. Observa-se nos resultados que maiores índices de obesidade estão associados a uma FC de recuperação atenuada e, como consequência, expondo ao maior risco de disfunção vagal nos grupos com alto percentual de gordura e/ou excesso de peso.


Apontamentos

  • Não há apontamentos.