AVALIAÇÃO DA MODULAÇÃO AUTONÔMICA NO TESTE DE CAMINHADA DE SEIS MINUTOS EM PORTADORES DE DPOC

CASSIA DA LUZ GOULART, ELISABETE ANTUNES SAN MARTIN, PALOMA BORBA SCHNEIDERS, RENATA TRIMER, DULCIANE NUNES PAIVA, ANDREA LUCIA GONÇALVES DA SILVA

Resumo


A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é caracterizada pela limitação ao fluxo aéreo e está associada a uma resposta inflamatória anormal causada principalmente pelo tabagismo, com efeitos extrapulmonares e manifestações multisistêmicas relacionadas à modulação autonômica cardíaca. Pacientes DPOC podem apresentar redução do balanço autonômico cardíaco evidenciado pela análise da variabilidade da frequência cardíaca (VFC). Objetivou-se avaliar a resposta autonômica aguda decorrente de um teste submáximo em portadores de DPOC através da análise da VFC. Utilizou-se o estudo transversal que avaliou portadores de DPOC sedentários e de ambos os sexos com estadiamento da doença entre moderado a muito severo. Os voluntários realizaram o Teste de Caminhada de Seis Minutos (TC6m) conforme o protocolo padrão da Sociedade Americana do Tórax (ATS Six-Minute Walk Test, 2002). O registro da VFC foi realizado com o paciente em repouso (5 minutos em sedestação), durante o TC6m (3 minutos finais do teste) e na recuperação após o TC6m (3 minutos após o fim do teste), utilizando o cardiofrequencímetro, sendo os dados posteriormente analisados através do software Kubios HRV (versão 2.2). Foram considerados os trechos mais estáveis que continham 256 intervalos R-R em cada situação. Realizada a análise do domínio do tempo e da frequência, em que os componentes espectrais de potência foram expressos em unidades normalizadas. Os dados foram expressos em média, desvio padrão, mediana e intervalo interquartil, sendo utilizado o teste t`Student para análise de amostras dependentes e teste de variância para comparações mÚltiplas (ANOVA) com Post Hoc de Tukey, (p≤ 0,05). A amostra foi composta por 19 portadores de DPOC com 58% homens (n=11), Índice de Massa Corporal (IMC) 26,6±6 Kg/m2 e Volume Expiratório Forçado no Primeiro Segundo (VEF1%) de 37,6±14,1 L/s. A distância percorrida no TC6m foi de 423,3±95 metros (87,3±26,4 % do predito). Observamos diferença significativa dos intervalos RR do repouso para o exercício [724,0 (676,7-788,1) vs 484,7 (447,1-602,7) p<0,01] e do repouso para recuperação após o TC6m [724,0 (676,7-788,1) vs 618,8 (536,8-701,3) p<0,01]. Não foi detectada diferença significativa entre o repouso, durante o TC6m e no momento da recuperação para as variáveis Baixa Frequência (LF) (66,2±19,5 vs 49,5±24,5 vs 54,9±26,4 p=0,087) e Alta Frequência (HF) (32,6±18,7 vs 49,7±23,7 vs 44,5±25,2 p=0,069). Adicionalmente, encontramos diferenças entre o período do repouso para o fim do TC6m para as variáveis Escala de Borg - Esforço Percebido (8,9±2,5 vs pós-13,2±3,1 p<0,01), Frequência Cardíaca (82,8±12,6 vs 116,6±21,8 bpm p<0,01) e Saturação Periférica de Oxigênio (94,9±3,9 vs 90,4±6,9 % p<0,01). Portadores de DPOC moderados a severos apresentam atenuada resposta da modulação autonômica cardíaca frente a um esforço submáximo que permanece durante o período de recuperação.


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