SÍNDROME DE BURNOUT EM AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE: REFLEXÃO SOBRE O PROCESSO DE ADOECIMENTO

FELIPE BARBOSA BUSNELLO, ARIANE DOS SANTOS HOPPE, LENI DIAS WEIGELT, SUZANE BEATRIZ FRANTZ KRUG

Resumo


A síndrome de Burnout ou síndrome do esgotamento profissional tem atingido constantemente os Agentes Comunitários de SaÚde (ACS). Os estímulos são oriundos de vários fatores, seja de cunho ambiental, emocional ou mesmo sobrepostos. Haja vista que o ACS convive com uma diversidade de situações favoráveis à sobrecarga física ou emocional, bastando que os fatores se desequilibrem para ocorrer a manifestação patológica. O presente estudo tem como objetivo refletir as causas das intercorrências da síndrome de Burnout em ACS. Trata-se de uma revisão de literatura realizada em publicações de periódicos nacionais do ano de 2011 a 2015, localizadas no banco de dados Scientific Eletronic Library Online (Scielo) a partir das palavras-chave: agente comunitário de saÚde, síndrome de Burnout. Este estudo foi desenvolvido por bolsistas do Grupo de Estudos e Pesquisa em SaÚde (GEPS) da Universidade de Santa Cruz do Sul, integrantes do projeto "Sofrimento no trabalho de Agente Comunitário de SaÚde: um estudo nos munícipios da 13ª CRS - RS". Os ACS são de suma importância na Estratégia de SaÚde Familiar (ESF), atuando principalmente na prevenção e promoção de saÚde, atividade esta tida como fonte de prazer, mas também de sofrimento pelo alto grau de exigências e responsabilidades. O ACS, no seu cotidiano, encara situações de risco para sua própria qualidade de vida, por vezes não conseguindo seuqer alcançar a realização pessoal. Destacam-se como riscos ambientais, presentes no cotidiano desse profissional, os ataques de animais, contato com doenças infectocontagiosas e, em certos casos, moradias com condições precárias, podendo ainda se sobrepor aos riscos físicos como, por exemplo, a exposição ao sol e grandes percursos a serem percorridos no seu dia a dia. O ACS presencia, em visitas domiciliares, diversas situações que denigrem determinadas famílias, como o uso de drogas, violência doméstica e negligência familiar frente seus filhos, sendo assim, há uma sobrecarga emocional da qual o mesmo desenvolve um sentimento de impotência por não poder resolver tal situação. A falta de capacitação adequada influencia na forma que esse trabalhador encara os problemas encontrados, além disso, repercute em um fator de sofrimento psicológico por não possuir o conhecimento técnico-científico suficientemente desenvolvido para atender a demanda exigida pela própria comunidade. O fato de o ACS atuar e residir na mesma comunidade torna-se uma situação ambígua, mesmo isso favorecendo na identificação e aprimorando o envolvimento. Isso ainda repercute como um elemento estressor, pois o ACS não sai de seu ambiente de trabalho, sendo considerado a sua presença pela comunidade, uma obrigação à prestação de serviços em tempo integral. Por fim, é notável a gama de possíveis fatores indutores ao desgaste profissional, que submete o ACS a uma despersonalização, perdendo o prazer pela sua atuação, induzido pela exaustão física e emocional. Em suma, a linha tênue entre a qualidade de vida e a síndrome de Burnout é influenciada constantemente por estímulos que derivam de situações complexas, exercendo um grande impacto na vida do ACS, reduzindo sua realização profissional, exacerbando ao ponto que venha a ocorrer o desligamento do mesmo de sua atuação.


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