RISCO EM ESCALA GLOBAL: COMO AS MÍDIAS NOS ENSINAM A TEMER DOENÇAS NA CONTEMPORANEIDADE

DOUGLAS LUIS WEBER, DANIEL FELIPE SCHROEDER, CAMILO DARSIE DE SOUZA

Resumo


Encontramo-nos em um mundo em que as informações se propagam instantaneamente e a circulação de pessoas e produtos ocorre com grande facilidade. Com isso, o alerta para as propagações de possíveis epidemias coloca em destaque os discursos das agências ligadas à saÚde por meio das mídias que divulgam tais informações e consequentemente, pelas populações que são atravessadas por estes conhecimentos. As preocupações são fundamentadas pela impossibilidade de controle sobre novos casos de contágio depois de as doenças estarem disseminadas nos centros urbanos. É importante ser ressaltado, neste contexto, que as dinâmicas que envolvem as chamadas cidades globais, caracterizadas pela compressão espaço-tempo, seriam algumas das principais responsáveis pela aceleração do aumento de casos de doenças infecciosas em curtos períodos e pela dificuldade de controle sobre elas. Assim, diante dos desafios que envolvem essas questões, estratégias de informação/educação podem ser tomadas como ferramentas poderosas, especialmente quando aproximadas das novas dinâmicas espaciais. Nosso objetivo é discutir alguns dos aspectos discursivos que envolvem as recomendações da Organização Mundial de SaÚde (OMS) enquanto estratégias educacionais que atravessam diferentes sujeitos e oportunizam transformações nos significados e na organização do espaço. Como metodologia, foram aproximados conhecimentos do campo da Educação, da Geografia e da SaÚde, sob a perspectiva dos Estudos Culturais, com o objetivo de problematizar as recomendações e as práticas defendidas pela agência. O conjunto de materiais analisados é composto por diversas publicações oficiais da OMS - 11 principais e 35 complementares - acerca da "segurança da vida", associada à saÚde, em escala global. Para problematizar alguns dos aspectos discursivos que envolvem as recomendações da OMS enquanto estratégias educacionais que atravessam diferentes sujeitos e oportunizam transformações nos significados e na organização do espaço. As recomendações contidas em muitos dos documentos da OMS se configuram como artefatos culturais que almejam educar as pessoas, no que se refere às ações e precauções a serem tomadas em caso de possíveis surtos de doenças. Isso pode ser justificado pelo fato delas operarem no sentido de alertar sobre as doenças propriamente ditas, demarcar os espaços nos quais elas ocorrem ou não, sinalizar as populações mais vulneráveis, apresentar e reiterar as formas de prevenção. Concluímos que as mídias, articuladas aos conhecimentos divulgados pela área da saÚde, em especial aqueles produzidos pela OMS, oportunizam uma aproximação de diferentes cidades por meio do risco de propagação de doenças. Neste contexto, o que chamamos de "risco em escala global" representa uma transformação do espaço/espacialidades em função dos alertas que são lançados mundialmente e que parecem aproximar riscos que se encontram, muitas vezes, em áreas materialmente distantes.


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