AS TECNOLOGIAS TOUCH COMO INSTRUMENTO COMPLEXO DE COGNIÇÃO/SUBJETIVAÇÃO

YANAE MAIARA MEINHARDT, LUIS FERNANDO DA VEIGA, RENATA DA SILVEIRA BORSTMANN, NIZE MARIA CAMPOS PELLANDA

Resumo


O presente resumo consiste em apresentar a pesquisa "Na ponta dos dedos: o iPad como instrumento complexo de cognição/subjetivação". Trata-se de um trabalho de cunho qualitativo, com o objetivo de investigar o acoplamento humano-tecnológico em sujeitos com uso de tecnologias touch, especificamente crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e o uso de tablets. Este projeto está vinculado ao "Grupo de Ações e Investigações Autopoiéticas" (GAIA), que trabalha sob à luz do Paradigma da Complexidade, articulando os eixos educação e complexidade na construção do conceito de ontoepistemogênese. Para compor a análise, utilizamos material da observação participante ao decorrer da pesquisa nos anos de 2014 e 2015, realizada no Serviço Integrado de SaÚde (SIS), da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), universidade filantrópica situada em Santa Cruz do Sul, município de médio porte localizado no interior do Rio Grande do Sul. Propomos o termo da ontoepistemogênese em uma perspectiva autopoiética para nos referirmos ao processo de complexificação de um sujeito que, ao acoplar-se com o seu ambiente, transforma-se de forma integral com repercussões em todas as dimensões de seu ser em que o processo da autoconstrução é inseparável dos processos de fluxo vital, tanto em processos externos como internos, no processo de construção de resposta inventiva às perturbações externas e através da energização das conexões e pertencimento às redes. Para realizarmos nossas investigações sobre o processo de ontoepistemogênese nos sujeitos autistas e suas implicações cognitivas/subjetivas/afetivas ao acoplarem-se com o tablet, nos amparamos em autores que estão configurando o entrelaçamento teórico do Paradigma da Complexidade, expressos por Ilya Prigogine, Von Foerster, Edgar Morin, Clara Costa Oliveira e seus desdobramentos nas teorias de Humberto Maturana e Francisco Varela, além destes também recorremos a outros autores que percorrem os campos da biologia, neurociência, linguagem, educação, entre outros. A pesquisa é realizada com duas crianças diagnosticadas com TEA, em que ocorrem encontros semanais na sala dos espelhos do SIS, com duração média de 30 minutos com cada sujeito. Neste Último ano de pesquisa, constatamos evidências cognitivas/afetivas significativas, como o fortalecimento do vínculo nas relações interpessoais, melhora na comunicação, compreensão da dinâmica e lógica que envolvem os jogos, menor resistência na quebra de rotinas, melhora do manejo com as frustrações, entre outras. Observamos, portanto, que o acoplamento humano-tecnológico com o uso das tecnologias touch permitem potencializar os processos de cognição/subjetividade nos sujeitos autistas, revelando modos de conhecer e viver singulares, imbricados em constante processo de complexificação de movimentos de auto-organização.


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