O AUTODIDATISMO DE SÓROR JUANA INÉS DE LA CRUZ COMO ELEMENTO DE RESISTÊNCIA

ANGELICA BEATRIZ KLAFKE, KELLEN LISANDRA SANTOS, CHERON ZANINI MORETTI

Resumo


O presente trabalho está vinculado ao projeto "Educação Popular e Pesquisa Ação-Participante: respostas descoloniais no contexto de transmodernidade na América Latina" e tem como foco um recorte sobre aspectos pedagógicos da vida de Sóror Juana Inés de la Cruz (1651-1695), de modo que pretende-se identificar pontos de resistências e contradições em sua escolha pela vida conventual. Sendo uma mulher do século XVII, destacou-se pela habilidade no aprendizado e conhecimento que ia adquirindo desde pouca idade, quando "aos seis ou sete anos já sabia ler e escrever" (PAZ, 1998, p. 116). Por volta dos seus treze anos de idade, ela foi chamada para a corte vice-real, costume da época para onde aqueles "que se destacavam por suas atividades nos círculos sociais" eram convidados (ESTRADA, 1977, p. 16). Em 1667, ela ingressou no convento de San José de las Carmelitas Descalzas, onde permaneceu pouco tempo, cerca de dois meses, dizendo que suas regras eram muito rígidas. Retornou então para a corte e, provavelmente no ano de 1668, ela entrou no convento da Orden de San Jerónimo, onde permaneceu até sua morte, em 1695. Esta escolha, de abrir mão do matrimônio e da vida "convencional" de uma mulher de seu tempo decidindo entrar em um convento, é explicada por ela mesma ao afirmar que "embora soubesse que essa condição tinha muitas coisas [...] repugnantes ao meu temperamento, contudo, para a total negação que possuía ao matrimônio, era o menos desproporcionado e o mais decente que podia escolher em matéria de segurança que desejava para minha salvação". (PAZ, 1998, apud DE LA CRUZ, p. 164). A freira mexicana também nunca se conformou com a forma como as mulheres de sua época eram educadas (apenas para o trabalho doméstico, a criação dos filhos e a submissão ao marido), pois para ela a educação seria um direito de todos e ninguém poderia ser privado disso, assim como tampouco concordava com as privações estabelecidas pela clausura. Do contato com o mundo exterior aos muros dos conventos e, no contexto de tensões sociais, Sóror Juana manteve prolíferas correspondências, tanto com homens quanto com mulheres da Europa e das colônias. A metodologia utilizada para essa comunicação está apoiada em uma pesquisa bibliográfica e tem como principais fontes algumas biografias de Sóror Juana (PAZ, 1998; ESTRADA, 1977) e a carta-resposta a Sor Filotea de la Cruz (DE LA CRUZ, 2001). Entende-se, dessa forma, que seu autodidatismo é um dos elementos de resistência e a clausura uma contradição à sua busca pela libertação.


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