FATORES SOCIODEMOGRÁFICOS ASSOCIADOS AO NÍVEL DE APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA À SAÚDE EM ESCOLARES

Ana Paula Sehn, Cézane Priscila Reuter, Miria Suzana Burgos

Resumo


Atualmente, um dos principais fatores associados à mortalidade é a falta de atividade física. As crianças e adolescentes estão com baixos níveis de aptidão física relacionada à saúde, o que acaba refletindo na vida adulta, pois os hábitos saudáveis iniciam na infância. Esses baixos níveis estão relacionados a fatores sociodemográficos, como sexo, idade, nível socioeconômico, zona de moradia (rural e urbana) e rede escolar (pública e privada). Objetivou-se verificar se existe associação entre fatores sociodemográficos com níveis de aptidão física relacionada à saúde em escolares. A amostra do presente estudo transversal foi composta por 1000 crianças e adolescentes, com idades entre 7 e 17 anos, da zona urbana e rural do município de Santa Cruz do Sul-RS. Foi utilizado um questionário com questões referentes ao estilo de vida, saúde e bem-estar. O nível socioeconômico foi avaliado pelo critério da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisas (ABEP) e o perfil nutricional dos escolares, através do índice de massa corporal (IMC), classificado de acordo com os pontos de corte da Organização Mundial da Saúde, considerando sexo e idade. A flexibilidade, a resistência abdominal e a aptidão cardiorrespiratória (APCR) foram avaliadas seguindo os protocolos do Projeto Esporte Brasil (PROESP-BR). Todas as análises foram realizadas no programa estatístico SPSS v. 23.0, através dos valores de regressão de Poisson (razão de prevalência; RP) e intervalos de confiança (IC) de 95%, considerando um nível de significância de p<0,05. Os resultados demonstraram que baixos níveis de flexibilidade são mais prevalentes entre os meninos (RP: 1,16; p<0,001) e nos escolares da zona urbana (RP: 1,06; p=0,045). Na resistência abdominal, a prevalência de baixos níveis associou-se também com o sexo masculino (RP: 1,12; p<0,001), bem como com a rede municipal (RP: 1,13; p=0,011) e estadual (RP: 1,19; p<0,001) de ensino. A prevalência de sobrepeso/obesidade é superior no sexo masculino (RP: 1,05; p=0,025) e inferior entre os adolescentes (RP: 0,89; p<0,001). Por outro lado, escolares do sexo masculino apresentam uma prevalência 6% menor de baixos níveis de APCR (p=0,001). Adolescentes (RP: 1,07; p=0,005), estudantes da rede municipal (RP: 1,10; p=0,049) e da zona urbana (RP: 1,09; p=0,002) apresentam maior prevalência de baixos níveis de APCR. Concluiu-se que fatores sociodemográficos estão associados aos baixos níveis de aptidão física, em escolares. Pode-se observar que a flexibilidade esteve associada com os escolares de zona urbana e com o sexo masculino; a resistência abdominal com meninos e escolares de rede municipal e estadual de ensino e a APCR associou-se ao sexo feminino, rede municipal de ensino e zona urbana. A prevalência de sobrepeso/obesidade foi superior no sexo masculino e nas crianças.


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