OS MOTIVOS DO MAR E DA CASA EM SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN

Micheli Fernanda Tavares Freire, Norberto Perkoski

Resumo


A presente comunicação apresenta um estudo acerca da obra da poeta portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen, tendo como referencial teórico o filósofo francês Gaston Bachelard. Essa pesquisa está ligada ao projeto Encontros com a Poesia: Poetas da Literatura Ocidental - 2ª etapa, que é vinculado ao Grupo de Pesquisa Estudos Poéticos, coordenado pelo Prof. Dr. Norberto Perkoski, do Departamento de Letras e do Programa de Pós-Graduação em Letras - Mestrado da UNISC. Como já vínhamos estudando os poetas da Literatura Ocidental, este ano nos propusemos a estudar os poetas portugueses. Entre eles, encontra-se Sophia de Mello Breyner Andresen, considerada por Massaud Moisés como a voz feminina mais representativa da poesia portuguesa moderna. A autora passou a maior parte de sua infância no Porto, porém foi só quando se mudou para Lisboa e escreveu poemas, contos para adultos e histórias infantis, além de traduções e ensaios, que sua produção intelectual se desenvolveu e lhe rendeu importantes prêmios. Ainda segundo Moisés, a obra poética da autora é dotada de um lirismo e sensibilidade femininos, que fazem com que até mesmo os temas clássicos e históricos sejam sutilizados em seus poemas. Sophia de Mello Breyner Andresen prioriza, em toda sua obra, o motivo do mar, o que despertou em nós o desejo de pesquisar quais as influências do elemento água em sua produção poética, com base nos conceitos de Gaston Bachelard. Em alguns poemas, como "Cidade", podemos notar o mar como algo relacionado à libertação e à fuga da opressão das paredes e muros do ambiente urbano. Já em "Atlântico", percebemos que a poeta relaciona diretamente o mar a sua essência criadora, quando diz "Metade da minha alma é feita de maresia". Em "Mar", Sophia nos apresenta um mar revolto, agitado e selvagem, com o qual ela se une, dando a entender que se torna uma parte da "praia extasiada e nua" que ela descreve como sendo o lugar de sua união com o mar, o vento e a lua. Mesmo o mar sendo um motivo predominante em sua poesia, Sophia também escreve sobre a casa, que para Bachelard é o local para o qual sempre voltamos, o nosso abrigo primordial que nos acolhe e nos faz sonhar. No poema "Casa branca", Sophia retorna à morada de sua infância, para onde era levada por seus pais para passar o verão. Nessa "casa branca em frente ao mar enorme", a poeta volta a sentimentos do passado, onde indica que terá sua redenção após percorrer os caminhos incertos da vida. Em "No quarto", o eu-lírico confronta a solidão do cômodo de paredes brancas, onde a vida parece que não lhe serve mais. Juntamente com outros poetas portugueses, coletamos informações bibliográficas e biográficas a respeito da poeta, para posterior realização de uma seleção de poemas que será utilizada nos Encontros com a Poesia com o público. O projeto visa propiciar momentos de fruição do texto poético pela comunidade acadêmica em geral, buscando repercussão/ressonâncias nos leitores, conceitos de Gaston Bachelard, essenciais para nossa pesquisa. Esses conceitos se relacionam à emoção do leitor com o que acabou de ler e uma possível inclinação ao devaneio poético, fazendo com que o processo imaginativo do leitor seja alcançado. Como o projeto ainda está em andamento, acreditamos que os encontros com o público, que são realizados durante o segundo semestre do ano, sejam oportunidades de momentos de fruição poética dos leitores, um de nossos objetivos enquanto pesquisadores na área da Literatura.


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