APROXIMAÇÕES ENTRE EDUCAÇÃO E CLANDESTINIDADE

Amanda Assis de Oliveira, Eloina Kappaun, Pâmela Tainá Wink da Luz, Angela Cristine Schulz, Cheron Zanini Moretti, Éder da Silva Silveira

Resumo


A presente comunicação está vinculada ao projeto de pesquisa Educação Clandestina e Traição: uma história da educação dos comunistas no Brasil da Guerra Fria (PPGEdu), que dedica-se ao estudo das práticas educativas não formais de comunistas brasileiros em momentos de clandestinidade. Esse trabalho insere-se no campo da História da Educação e tem como objetivo compreender as aproximações entre educação e clandestinidade, conceitos que norteiam o referido projeto. Metodologicamente, trata-se de uma pesquisa de cunho qualitativo e bibliográfico que resulta da intersecção entre a revisão e análise do referencial teórico e exercícios de produção textual sobre a concepção de educação clandestina. Para compreender o referencial teórico discutiram-se os conceitos de educação formal, educação não formal e cultura política comunista. No que diz respeito aos exercícios, esses se basearam nos seguintes questionamentos: O que é educação?, O que é clandestinidade? Qual(is) relação(ões) podem existir entre Educação e Clandestinidade? e Quais eram os espaços, as formas, os mecanismos e as funções da Educação para os comunistas no Brasil (particularmente em períodos de clandestinidade/ilegalidade, como os vivenciados durante a Ditadura Militar)?. As questões foram debatidas e reescritas pelo grupo nas reuniões semanais da pesquisa. Desta forma, inferiu-se que a educação clandestina comunista associa-se a um conceito de educação como prática social, que expressa uma doutrina pedagógica, uma filosofia de vida e uma concepção de ser humano e sociedade, na qual o sujeito é incentivado a uma formação crítica e emancipadora. Pode-se dizer que a educação não se dá fora da práxis, do diálogo e da dialética. Quanto ao conceito de clandestinidade, considera-se que ela nem sempre representava uma ruptura completa do sujeito com a sociedade, mas um isolamento relativo (LACERDA FILHO, 2011). Nessa perspectiva, para além de ilegalidade e invisibilidade, também podia representar trauma, resistência, projeto e imposição. Ou seja, ser clandestino(a) não significava viver excluído da sociedade, mas, sim, estar em contradição dentro da mesma. O indivíduo encontrava-se em constante conflito entre o desejo de fazer e não poder. No período analisado, a educação clandestina comunista também se manifestou como resistência, projeto e estratégia. A educação não formal desenvolvida pelos comunistas era, também, uma condição para viver a clandestinidade. Outros recortes e fases da pesquisa indicam que ela ocorria dentro e fora dos partidos, no Brasil e no exterior, visando à formação teórica e prática em prol de uma revolução.

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