DINÂMICAS REGIONAIS DE DESENVOLVIMENTO, TRABALHO E ORGANIZAÇÃO DOS MERCADOS URBANOS DE TRABALHO: UMA ANÁLISE A PARTIR DE CIDADES MÉDIAS DO RIO GRANDE DO SUL

Tauane Schroeder, Gabriel Schwertz Pereira, Marco André Cadoná

Resumo


O trabalho analisa as repercussões de dinâmicas regionais de desenvolvimento sobre os mercados urbanos de trabalho. Parte-se do pressuposto de que a análise das dinâmicas de mercados de trabalho precisa atentar às tendências gerais presentes no País, mas não pode se descuidar das singularidades regionais, manifestadas essas no modo como o desenvolvimento do País repercute nas regiões. E é nessa direção que na pesquisa realizada são analisadas as dinâmicas dos mercados de trabalho de duas cidades médias do Rio Grande do Sul: Santa Cruz do Sul e Rio Grande; ou seja, se analisa como as cidades médias do Rio Grande do Sul experienciam historicamente as mudanças que ocorrem na dinâmica de desenvolvimento capitalista no Brasil num período mais recente e, em função das experiências vivenciadas, como seus mercados de trabalho se "comportam", definindo condições regionais de inserção, mas, também, de segurança/insegurança dos trabalhadores nos mercados de trabalho. A escolha das duas cidades médias indicadas deve-se às condições de suas inserções na dinâmica de desenvolvimento do capitalismo no Rio Grande do Sul. Em Santa Cruz do Sul o que é mais característico em sua economia é a presença de grandes grupos multinacionais que controlam a produção de tabaco no Brasil. Essa presença coloca o município numa relação de dependência econômica com esses grandes grupos multinacionais, fazendo com que o próprio mercado de trabalho da cidade tenha uma dinâmica diretamente relacionada ao modo como a indústria fumageira organiza seus processos de trabalho e de produção. Rio Grande possui o segundo maior porto em movimentação de cargas do Brasil e uma dinâmica industrial diferenciada na região Sul do Rio Grande do Sul. A partir dos anos 2005, Rio Grande recebeu grandes investimentos do Governo Federal visando a expansão de seu Polo Naval; esses investimentos criaram uma demanda muito grande de trabalhadores, tendo a cidade, inclusive, se tornado um centro migratório. Através de dados secundários selecionados, principalmente dados do IBGE e do CAGED/Ministério do Trabalho, o trabalho analisa a dinâmica recente dos mercados de trabalho de Santa Cruz do Sul e de Rio Grande, numa perspectiva de afirmar dois aspectos principais e indicativos dos resultados da pesquisa. O primeiro deles está relacionado à própria dinâmica dos mercados de trabalho no Brasil que, embora a partir dos anos 2000 tenham indicado um aumento dos empregos formais, não se caracteriza pela superação de uma condição histórica caracterizada por diferentes tipos de precarização. Essas são características que expressam o que é permanente nos mercados de trabalho do País. O segundo aspecto, diretamente relacionada com a problemática investigada na pesquisa, é de grande importância para que se percebam as complexidades do trabalho e dos mercados de trabalho no Brasil; os dados levantados indicam que o espaço regional, enquanto expressão das próprias dinâmicas regionais de desenvolvimento, importa, faz diferença. Essa questão ficou mais evidenciada através da análise dos indicadores do mercado de trabalho de Santa Cruz do Sul, onde foi possível perceber como a indústria fumageira condiciona uma dinâmica de admissões e de desligamentos com alto grau de singularidade. Mas ficou presente, também, em Rio Grande, cuja economia foi fortemente condicionada pelos investimentos da Petrobrás que depende, em grande parte, da orientação dada pelos governos nacionais no Brasil às suas ações.

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