MEDICALIZAÇÃO DA INFÂNCIA: PRODUÇÕES DE SENTIDO SOBRE O DISCURSO DOS PAIS E CUIDADORES

Caroline da Rosa Couto, Thais Spall Chaxim, Maxsuel Paz, Cristiane Silva, Jerto Cardoso da Silva

Resumo


O presente trabalho foi desenvolvido com o objetivo de apresentar as discussões que vem sendo desenvolvidas na pesquisa Medicalização da infância: produções de sentido sobre o discurso dos pais e cuidadores, a qual visa averiguar a relação entre a medicalização e o ato de cuidar que é exercido por pais e cuidadores de crianças e de adolescentes que utilizam medicalizações psiquiátricas. Trata-se de um projeto inicial, que se desenvolver-se-á no período de 2016 à 2018.  A proposta consiste em averiguar às produções de sentido sobre o cuidar no que se refere à medicalização da infância e da adolescência a partir da perspectiva desses cuidadores. Busca-se compreender qual foi o lugar reservado à criança, ao adolescente e aos cuidadores durante a medicalização, quais os significantes que se repetem ou se transformam e quais os acontecimentos produzidos nessa relação. Este trabalho, ao escavar a construção de sentidos, seu histórico e a dimensão do político nas representações de diferentes cuidadores, tenta chamar a atenção para a memória discursiva como constitutiva das condições de produção das práticas de saúde no país. Para tanto, será utilizada a análise do discurso para apoiar a reflexão, uma vez que tal perspectiva nos possibilita olhar para os depoimentos dos sujeitos e a sua relação com a historicidade, com os seus pontos impossíveis de simbolizar, com a ideologia e com o inconsciente, para, enfim, chegarmos às produções de sentido sobre o cuidar. O percurso metodológico divide-se em dois momentos que consistirão em entrevistas semi-estruturadas com profissionais de saúde mental e grupos de discussão com os pais e cuidadores de crianças e adolescentes medicalizados, visando uma análise qualitativa sobre os depoimentos de sujeitos que são responsáveis pelos cuidados de crianças e adolescentes medicados com psicofármacos e atendidas em serviços de saúde mental. Entendendo a medicalização como um fenômeno atual, utilizamos a noção de medicalização do social, termo relativizado frente à complexidade das sociedades contemporâneas e das formas mais ativa de participação dos pacientes via movimentos sociais e políticas públicas, inferindo o quanto as relações pais-filhos/profissionais-pacientes são atravessadas pela indústria farmacológica. Assim, faz-se necessário refletir sobre as suas formas de cuidar, sobre os sentidos que fundam e constituem esses procedimentos, efeitos das formas como se pensa a medicação e, consequentemente, refletir sobre o que se propõem cuidado nos serviços de saúde.

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