RELAÇÃO ENTRE O PESO AO NASCER E FATORES DE RISCO CARDIOMETABÓLICOS EM ESCOLARES

Deise Graziela Kern, Cézane Priscila Reuter, Miria Suzana Burgos

Resumo


As alterações no peso ao nascer e o ganho rápido de peso nos primeiros meses de vida expõem o recém-nascido a fatores de riscos cardiometabólicos. Descobertas recentes sugerem que crianças com obesidade que tiveram baixo peso ao nascer são mais propensas a ter níveis elevados de pressão arterial, quando comparados a crianças com obesidade que tiveram normalidade no peso ao nascer, agravando os fatores de risco para doenças cardiometabólicas. O presente estudo tem como objetivo verificar se alterações no peso ao nascer estão associados com fatores de risco cardiometabólicos em escolares. Estudo transversal, composto por uma amostra de 2094 crianças e adolescentes, de ambos os sexos e com idade entre 7 e 17 anos, escolares da rede pública e privada do município de Santa Cruz do Sul-RS. O peso ao nascer foi avaliado através de questionário, enviado aos pais dos escolares. Os dados foram classificados de acordo com os pontos de corte de Puffer e Serrano, em quatro categorias: 1) baixo peso ao nascer (<2500 g); 2) peso insuficiente (2500 a 2999 g); 3) peso adequado (3000 a 3999 g) e 4) excesso de peso (=4000 g). Foi calculado o escore Z de cinco fatores de risco metabólicos: circunferência da cintura (CC); pressão arterial sistólica (PAS); triglicerídeos (TG); colesterol HDL (high density lipoprotein cholesterol) e glicose. Após, foi somado o escore Z dos cinco fatores de risco para o cálculo do escore de risco metabólico (ERM). Os dados foram analisados no programa estatístico SPSS v. 23.0, por meio do teste estatístico de Análise de Variância (ANOVA), com post hoc de Tukey, considerando significativas as diferenças para p<0,05. Observa-se que 56,3% dos escolares são do sexo feminino, 54,3% moradores da periferia e 76,5% apresentam cor de pele branca. Tanto nos meninos, como nas meninas, observa-se que a CC e a PAS são significativamente (p<0,05) superiores entre os escolares que nasceram com excesso de peso. Ainda, entre as meninas, observou-se média superior de ERM entre as que nasceram com excesso de peso. Porém, as meninas que nasceram com peso adequado apresentaram maiores níveis de triglicerídeos e de glicose. Entre os meninos, observa-se que a diferença na CC e na PAS encontra-se na comparação do peso adequado com o excesso de peso. Entre as meninas, a CC difere do peso adequado para o baixo peso/insuficiente e para o excesso de peso ao nascer. Os níveis de triglicerídeos, PAS e ERM diferem somente para o grupo baixo peso/insuficiente; a glicose difere para o grupo excesso de peso. Concluiu-se que a CC e a PAS são mais elevadas entre os escolares que nasceram com excesso de peso, em ambos os sexos. Entre as meninas, o escore de risco metabólico também é superior entre aquelas que nasceram com excesso de peso.


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