RELAÇÃO TEMPO DE TELA/APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRIA E FATORES DE RISCO CARDIOMETABÓLICOS EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES

João Francisco de Castro Silveira, Cézane Priscila Reuter, Miria Suzana Burgos

Resumo


A prática de atividades físicas durante a infância e adolescência pode influenciar nos níveis de atividade física nos anos subsequentes da vida, além de reduzir fatores de risco metabólicos. Todavia, jovens caracterizam-se por adotarem comportamentos de risco à saúde. Além dos males causados pelo grande tempo gasto em atividades sedentárias, atualmente, a literatura sugere a importância preventiva da aptidão cardiorrespiratória (APCR) no desenvolvimento de risco metabólico, devido ao fato de que jovens com níveis críticos de APCR possuem maiores chances de adquirir perfis metabólicos negativos, independente de país, idade e sexo. Objetivou-se verificar se existe associação da relação tempo de tela/aptidão cardiorrespiratória com fatores de risco metabólicos em escolares. Estudo transversal com uma amostra de 1200 crianças e adolescentes, entre 7 e 17 anos de idade, estudantes da rede pública (estaduais e municipais) e privada do município de Santa Cruz do Sul, Rio Grande do Sul. A avaliação do tempo de tela (TT) foi autorreferida pelo escolar, através de questionário, e a APCR foi avaliada por meio do teste de corrida/caminhada de 6 minutos e classificada em apto e inapto, segundo protocolo do Projeto Esporte Brasil. Posteriormente, estas duas variáveis foram unificadas em somente uma variável. Além da obtenção da circunferência da cintura (CC) e aferição da pressão arterial, coletou-se sangue dos indivíduos para análise do perfil lipídico, no qual foram analisados os níveis de glicose, triglicerídeos e colesterol de alta densidade (HDL-c). Posteriormente, foi calculado o escore Z para CC, PAS, glicose, triglicerídeos e HDL-c (multiplicado por -1, por indicar relação inversa com o risco cardiovascular). Então, através da soma dos escores Z de todas as variáveis e de acordo com a idade, foi estabelecida uma pontuação, denominada escore contínuo de risco metabólico (continuous metabolic risk score; cMetS). Foi considerado risco metabólico os valores acima de um desvio-padrão. A análise dos dados foi realizada no programa estatístico SPSS v. 23.0. A comparação dos valores medianos do cMetS e de cada componente, separadamente, com a relação TT/APCR, foi realizada pelo teste de Kruskall-Wallis, com post hoc de Dunn-Bonferroni. A associação entre a presença de risco metabólico (variável dependente) com a relação TT/APCR foi testada pela regressão de Poisson, por meio da razão de prevalência e intervalo de confiança de 95%. Para todas as análises, foram considerados significantes os valores de p<0,05. Observou-se que 23,6% dos escolares apresentaram, de forma conjunta, elevado TT e baixos níveis de APCR. A frequência de escolares com a presença de risco metabólico foi de 15,3%. Em meninos, os valores médios de CC e pressão arterial sistólica foram significativamente superiores em escolares com elevado TT e inaptos, além da mediana de cMetS ser superior entre escolares com baixo TT e inaptos e da presença de risco metabólico estar associada com baixos níveis de APCR, independente do TT. Em meninas, a mediana de CC mais elevada foi encontrada entre as escolares com elevado TT e inaptas. O estudo demonstrou que, em meninos, os valores medianos dos componentes do risco metabólico são mais elevados entre os escolares com elevado TT/inaptos. Além disso, a presença de risco metabólico esteve associada com baixos níveis de APCR, independente do TT. Entre as meninas, não foi observada associação.

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