RESPOSTA DA MODULAÇÃO AUTONÔMICA CARDÍACA DE PACIENTES COM DPOC SUBMETIDOS AO TESTE DO DEGRAU DE DOIS MINUTOS (TD2M)

Paloma de Borba Schneiders, Elisabete Antunes San Martin, Cássia da Luz Goulart, Douglas Alex Weis Martins, Renata Trimer, Andréa Lúcia Gonçalves da Silva

Resumo


O controle do Sistema Nervoso Autonômico (SNA) dos portadores de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é influenciado diretamente pela saturação periférica de oxigênio (SpO2) e barorreceptores de estiramento pulmonar. Desta forma, o desequilíbrio simpato-vagal nesta população pode ser explicado por mecanismos de broncoconstrição, hipoxemia, hipercapnia e inflamação sistêmica ocasionando maior risco de morbi-mortalidade. Subir e descer degraus pode acentuar a broncoconstrição, hipoxemia e hipercapnia nesta população. Objetivou-se avaliar a resposta da modulação autonômica cardíaca de pacientes com DPOC submetidos ao teste do degrau de dois minutos (TD2m). Estudo transversal, com amostragem de conveniência composta por 23 portadores de DPOC do programa de Reabilitação Pulmonar do Hospital Santa Cruz – RS. Todos os sujeitos realizaram o TD2m, em que foram orientados a realizar movimentos de subida e descida em um degrau medindo 25 centímetros de altura, durante dois minutos. A modulação autonômica foi avaliada através da análise da variabilidade da frequência cardíaca (VFC) utilizando o cardiofrequencímetro Polar S810i (Polar®, Kempele) nos tempos repouso (cinco minutos), durante o teste, e 1° minuto pós teste. Posteriormente os dados do domínio do tempo e não lineares foram analisados no software Kubios HRV (versão 2.2). A SpO2, frequência respiratória (FR), pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD) também foram avaliadas nos três tempos citados. Realizou-se análise de variância ANOVA com Post Hoc de Tukey, com nível de significância p=0,05. Houve predomínio do sexo masculino 16 (69,6%), estadiamento da doença entre moderado e muito severo, volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1): 1,2±0,6 (L/s), predito 45,3±20,7%; VEF1/capacidade vital forçada: 0,5±0,1 (L/s), predito 71,9±22,2%. Os sujeitos subiram em mediana 35 (13-66) degraus no TD2m. Observamos adequada resposta ao teste, sendo caracterizada por redução significativa do repouso para o pico do TD2 no Mean RR (p=<0,001), STD RR (p=0,002), e da VFC global, RR Tri index (p=<0,001), sugerindo redução da modulação parassimpática; e aumento da FR (p=<0,001), PAS (p=<0,001) e Mean HR (p=<0,001), sugerindo aumento da modulação simpática. Em contrapartida, a redução da SpO2 (p=<0,001) foi observada durante o teste. A recuperação do teste também foi adequada com significativo aumento da SpO2 (p=0,025), Mean RR (p=<0,001), STD RR (p=<0,001), STD HR (p=0,011), RMSSD (p=<0,001), RR tri index (p=<0,001); e redução da FR (p=0,040) e Mean HR (p=<0,001). Encontramos correlação negativa entre a o número de degraus subidos e o RMSSD de pico (p=0,030; r= -0,451), e entre o VEF1 e o Mean HR de repouso (p=0,013; r= -0,506). O modelo de regressão linear simples ratificou que o VEF1 influenciou isoladamente 23% do Mean HR em repouso. Os portadores de DPOC apresentaram resposta adequada ao TD2m, com aumento da modulação simpática e diminuição da modulação parassimpática. A obstrução das vias aéreas influencia diretamente a modulação autonômica destes pacientes durante o TD2m e deve ser levada em consideração na prescrição do mesmo.

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