VALE TRANSPORTE E VALE ALIMENTAÇÃO: QUAL A RELAÇÃO COM O TRATAMENTO PARA A TUBERCULOSE?

Resumo

Em 2010, a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou o Plano de Erradicação da Tuberculose (TB), no qual, uma das metas principais propostas é auxiliar nos custos extras acarretados pela enfermidade aos infectados. A tuberculose é uma doença infectocontagiosa milenar com tratamento acessível e gratuito através do Sistema Único de Saúde (SUS). Entretanto, apesar do Ministério da Saúde (MS) ofertar a medicação e os exames necessários para a adesão e para a recuperação adequada, outros gastos financeiros são exigidos do paciente e de sua família. Objetivou-se avaliar os principais tipos de benefícios solicitados pela população em tratamento para tuberculose em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Trata-se de um estudo descritivo de caráter quantitativo, realizado com pacientes em tratamento para TB em Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Porto Alegre no mês de julho de 2017. Os locais de aplicação foram: UBS Cruzeiro, UBS Bom Jesus, UBS Modelo e UBS Navegantes. Os dados foram coletados a partir de um questionário, com as seguintes variáveis: infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), primeiro local de diagnóstico da enfermidade, qual tipo de auxílio extra os enfermos pediriam ao governo, entre outros. Como critérios de inclusão, os pacientes deveriam estar em tratamento por, no mínimo, um mês e deveriam ser maiores de idade. Foram excluídos do estudo pacientes com Infecção Latente de Tuberculose (ILTB) e pacientes Multidroga Resistentes (MDR). Obteve-se uma amostra de 33 pacientes, sendo 22 (66,67%) do sexo masculino, e 54,55% apresentavam tuberculose com baciloscopia positiva. Dez entrevistados (30,30%) eram HIV reagentes. Quando questionados sobre o primeiro local de diagnóstico, 45,45% responderam em UBS, 30,30% dos pacientes pediriam auxilio governamental em vale alimentação, e 21,21% pediriam auxílio em vale transporte. Ao quantificar o valor da doença para o paciente, 90,91% alegaram que estariam dispostos a doar todo o dinheiro do mundo para não terem a enfermidade. Embora incipiente, o presente estudo permitiu analisar que, apesar do tratamento para a tuberculose ser gratuito através do sistema público de saúde, gastos financeiros extras são exigidos ao paciente, principalmente na alimentação. São necessários novos estudos acerca do tema em questão para a formulação de medidas eficazes ao auxílio destes pacientes, de forma que haja correlação com a taxa de adesão a terapia e o benefício, em questão.