EFEITO DO TABACO NA DIETA DE EPHESTIA KUEHNIELLA E SEU PARASITOIDE HABROBRACON HEBETOR (HYMENOPTERA: BRACONIDAE)

Sheila Puntel, Cleder Pezzini, Andreas Kohler

Resumo


O desenvolvimento e aprimoramento de uma metodologia de criação do hospedeiro Ephestia spp., como fonte continua de larvas para multiplicação do parasitoide H. hebetor é fundamental. O conhecimento a respeito da aprendizagem de H. hebetor pode permitir a manipulação do comportamento quimiotáxico deste parasitoide, de forma que quando criados em larvas alimentadas com tabaco possam incrementar o seu comportamento de busca pelo hospedeiro quando liberado em ambientes de tabaco armazenado. Neste contexto, este trabalho objetivou estudar o efeito de diferentes tipos e doses de tabaco na dieta de E. kuehniella e o reflexo da dieta do hospedeiro no desempenho do parasitoide H. hebetor, visando melhorar tecnicamente sua produção massal para liberação em campo. O desenvolvimento de E. kuehniella foi avaliado com quatro diferentes tipos de tabaco com concentrações de açúcar e nicotina distintas, acrescidos a 5, 10 e 15% na dieta artificial (farinha + levedo). Para cada tratamento foram usadas 10 repetições (potes), sendo cinco para avaliar parâmetros durante o desenvolvimento e cinco durante a fase adulta de E. kuehniella. Foram analisados os seguintes parâmetros biológicos: número e tamanho das larvas, duração e viabilidade geral dos estágios imaturos, razão sexual dos adultos emergidos e da geração seguinte, número de adulto emergidos, longevidade, além do número e viabilidade dos ovos. Para avaliar a experiência e reflexo da dieta no parasitismo só foram utilizadas larvas criadas nos diferentes tipos de tabaco acrescidos na concentração de 5% a dieta. Foram avaliados a capacidade reprodutiva, oferecendo 30 larvas de E. kuehniella a um casal de H. hebetor, a viabilidade geral e razão sexual da prole dos parasitoides experientes e inexperientes ao tabaco. Com relação ao efeito sobre E. kuehniella os tipos de tabaco interferiram diretamente no tempo de desenvolvimento, onde na testemunha foi de 39 dias, enquanto que nas amostras com tabaco este período aumento, chegando a 79 dias em doses de 15% de tabaco acrescidos a dieta. A viabilidade geral dos estágios imaturos de E. kuehniella também foi influenciada. O número de ovos que chegaram na fase adulta nas amostras com baixa concentração de nicotina ficou entre 27-29% nas doses de 5 e 10% de tabaco, similar a testemunha que foi de 32%. Diferente das amostras com alta concentração de nicotina onde na dose de 5% ocorreu uma viabilidade entre 12-15% e acima desta dose praticamente houve a inibição do desenvolvimento (1%). Os demais parâmetros biológicos estudados não foram influenciados pelo tabaco. Em relação ao reflexo da dieta do hospedeiro no desempenho do parasitoide H. hebetor, a utilização de hospedeiros criados em dietas com diferentes tipos de tabaco não afetou a fertilidade (62,1±15,39 indivíduos), a viabilidade (58,6%±11,10) e a razão sexual dos seus descendentes (0,7±0,08). Portanto, a partir desse estudo é possível inferir que quando as concentrações de nicotina do tabaco são desconhecidas, em uma criação de E. kuehniella, elas não podem ser acrescidas em doses acima de 5%. Fêmeas de H. hebetor experientes ou inexperientes a larvas criadas com tabaco apresentaram uma mesma capacidade reprodutiva, não havendo a necessidade de criar o parasitoide com larvas alimentadas com tabaco para posterior favorecimento em liberações de controle de Ephestia spp. em tabaco armazenado.


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