COMPARAÇÃO DE MÉTODOS DE EXTRAÇÃO DE DNA DE LEVEDURAS DO GÊNERO CANDIDA EM SECREÇÕES VAGINAIS

Gabriel Bizarro da Costa, Bruna Roberta Toillier, Valeriano Antônio Corbellini, Alexandre Rieger

Resumo


Dentre os problemas de saúde atuais, as infecções geniturinárias são bastante frequentes sendo que a candidíase está em destaque, devido ao aumento de sua prevalência na população em geral. A candidíase é uma infecção causada pelo crescimento excessivo da levedura comensal Candida sp., principalmente na mucosa oral, e em mulheres, na mucosa vaginal. Quando ocorre um enfraquecimento do sistema imune do hospedeiro, como nos casos de pacientes oncológicos, HIV positivos, aidéticos e aqueles que requerem terapia com imunossupressores, diferentes patógenos oportunistas podem se desenvolver, destacando-se entre eles a levedura Candidas sp. Cerca de 80 a 90 % destas leveduras causadoras de infecções são da espécie Candida albicans e de 10 a 20% são do tipo não-albicans, predominando C. tropicalisC. glabrata, C. kruseiC. parapsilosis. A sintomatologia é semelhante entre elas, ocorrendo coceira intensa, vermelhidão e inchaço, presença de placas esbranquiçadas, corrimento esbranquiçado com grumos, dor ou queimação ao urinar e durante o contato íntimo. A identificação do agente causal em nível de espécie é importante porque mecanismos de resistência a antifúngicos são diferentes entre elas. Uma das formas para rapidamente identificar estas espécies é a utilização da reação em cadeia da polimerase (PCR), porém este método requer uma extração de DNA do patógeno de boa qualidade. Isso pode permitir a sua utilização diretamente no DNA extraído da amostra de secreção vaginal, sem necessidade de cultivo prévio para a identificação do microrganismo. Dessa forma, o presente trabalho objetivou comparar dois métodos de extração do DNA leveduriforme obtidos diretamente de fluido de secreção genital. Para tanto, escolhemos dois métodos distintos de extração de DNA: um baseado na utilização do detergente catiônico CTAB + clorofórmio/álcool isoamílico (24:1), adaptado de Goltapeh et. al. (2007) e outro desenvolvido pelos autores, baseado na utilização de Proteinase K + NaCl. Foram avaliadas a quantidade de DNA total obtido e a qualidade pela relação 260/280 nm por espectrofotometria. Ambos os métodos foram usados para extrair o DNA de 18 amostras de secreção vaginal coletadas no Serviço Integrado de Saúde (SIS) da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC) das quais 9 apresentaram crescimento de leveduras do tipo Candida sp. e 9 não. As amostras foram também submetidas a PCR para confirmar o seu potencial de amplificação. O método que utilizou CTAB + clorofórmio/álcool isoamílico (24:1) apresentou uma quantidade média de 10,1±23,6 ng/mL e apresentou uma relação 260/280 nm = 2,61±2,68, enquanto que o método de Proteinase K + NaCl apresentou um rendimento médio 25,1±54,4 e uma relação 260/280 nm = 1,80±0,07. As amostras de DNA extraídas por ambos métodos foram submetidas a PCR com primers específicos para a região ITS do gene ribossomal 18S. Os produtos amplificados foram submetidos a eletroforese em gel de agarose e visualizados sob luz ultravioleta com auxílio de transiluminador. Ambos os métodos apresentaram amplificação, embora a intensidade de visualização das bandas apresentasse diferenças entre eles. Pode-se concluir que o método baseado na utilização de Proteínase K + NaCl é mais eficiente, pois além de um rendimento maior na extração de DNA, apresentou uma relação 260/280 nm dentro dos valores desejáveis pela literatura (1,8 a 2,0) o que sugere um DNA extraído de boa qualidade e apto a ser utilizado para a PCR, bem como sequenciamento de DNA.


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