PENSANDO SOBRE A POPULAÇÃO IDOSA RURAL DE SANTA CRUZ DO SUL

Juliana Rohde, Silvia virginia Coutinho Areosa

Resumo


Os idosos que vivem no meio rural enfrentam mais dificuldades se comparados aos que vivem no meio urbano, como menor oferta e maior dificuldade de acesso a serviços de saúde, transporte, cultura e lazer, considerados de suma importância para uma boa qualidade de vida. O projeto de pesquisa “Estudo Socioeconômico e Demográfico da População Idosa no Meio Rural do Município de Santa Cruz do Sul” é uma parceria entre a Universidade de Santa Cruz do Sul e o Conselho Municipal do Idoso de Santa Cruz do Sul, que se propõe a desvelar a realidade em que vivem os idosos no meio rural do município. Busca verificar as condições econômicas e sociodemográficas destes idosos, investigando também suas representações sociais sobre a velhice e traços culturais que marcam suas trajetórias de vida. Neste recorte serão apresentadas características do envelhecimento no meio rural de Santa Cruz do Sul, que é dividido em sete distritos: Alto Paredão; Saraiva; São Martinho; Rio Pardinho; Boa Vista; Monte Alverne e São José da Reserva. Serão apresentados neste trabalho dados secundários, provenientes do Censo Demográfico da População de 2010 (IBGE, 2010), bem como resultados preliminares dos dados primários, coletados em 2017, cuja amostra é equivalente a 10% do total de idosos em cada localidade. Em Santa Cruz do Sul, no ano de 2010, havia 15.559 idosos (13,14% da população). Na zona rural do município, no distrito de Alto Paredão havia 219 idosos (13,29% da pop.); em Boa Vista 416 idosos (19,63%); em Monte Alverne 574 idosos (20,55%); Rio Pardinho contava com 532 idosos (20,30%); São José da Reserva com 107 (15%); São Martinho com 140 (39,77%); e no distrito de Saraiva havia 196 idosos (19,83%). O total de idosos nestes 7 distritos, que configuram a população idosa rural de Santa Cruz do Sul era de 2.184 pessoas, representando 14,04% da população idosa do município. (IBGE, 2010). Este alto percentual de idosos na zona rural está em consonância com o que nos diz Sakamoto (2014): há uma redução da população rural jovem, que migra para os centros urbanos em busca de melhores condições de vida. Isso também se evidencia através da realidade encontrada pelas autoras nos distritos, pois um número expressivo de idosos vive apenas com o cônjuge ou mesmo sozinho. Em três distritos cuja coleta de dados já foi concluída, este aspecto fica bastante claro. Em São José da Reserva, dos 12 idosos entrevistados, 6 deles viviam com cônjuge e 3 sozinhos. Já em Alto Paredão, onde 23 idosos participaram da pesquisa, 15 moravam apenas com o cônjuge, e 5 viviam sozinhos. No distrito de Boa vista, onde participaram 43 idosos, 16 viviam apenas com o cônjuge e 3 sozinhos. Acredita-se que vários fatores podem estar contribuindo com este fenômeno, como a queda da fecundidade, a fragmentação das famílias, a modernização da agricultura e as extremas desigualdades territoriais. Desta forma, a oferta de cuidadores familiares para os idosos diminui significativamente, e muitos acabam ficando sozinhos, sem os filhos, sobrecarregados em seus trabalhos no campo e em sua vida diária como um todo. (BERTUZZI; PASKULIN; MORAIS, 2012). A partir deste contato e conhecimento da população idosa, dá-se visibilidade para a sua realidade, bem como para as diferenças entre viver a velhice no campo e na cidade. Desta forma, é possível pensar em planejamento e estratégias para lidar com as especificidades e possíveis dificuldades que se apresentam ao envelhecimento com qualidade de vida no meio rural.


Apontamentos

  • Não há apontamentos.