EDUCAÇÃO, ARTE E INFÂNCIA: POTÊNCIA INVENTIVA DA LINGUAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Tais Milene Rusch, Sandra Regina Simonis Richter

Resumo


Este trabalho tem por objetivo refletir acerca de estudos e ações realizadas como bolsista de Iniciação Científica PUIC no projeto de pesquisa Educação, arte e infância: mímesis e experiência de linguagem na Educação Infantil, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Educação, da Universidade de Santa Cruz do Sul-UNISC. O projeto busca investigar a complexa relação entre ação mimética e potência inventiva da linguagem nos processos de produção de sentidos na convivência ao estudar as relações entre arte, infância, educação como experiência lúdica entre adultos, bebês e crianças pequenas no espaço e tempo da Educação Infantil. O estudo aborda a imaginação poética como linguagem que emerge do corpo sensível linguageiro (e não da mente) a partir das fenomenologias de Gaston Bachelard, Maurice Merleau-Ponty e Paul Ricoeur. Nas leituras e discussões semanais no grupo de pesquisa estudamos concepções em torno da relação entre dimensão poética da linguagem e o fenômeno da mímesis com o objetivo de refletir a relação entre educação, infância e linguagem. A confluência entre literatura, artes plásticas e música a partir de Rodas Poéticas no ateliê da universidade vem permitindo produzir fundamentação teórico-metodológica que reconheça a imaginação poética, a ludicidade, o ficcional, o encantamento, a alegria, como inseparáveis para pensar a potência inventiva da linguagem. A pesquisa, em desenvolvimento, concebe infância como começos linguageiros, como experiência de linguagem a partir de Giorgio Agamben, portanto uma abordagem filosófica, e criança como movimento vital de presença aqui e agora, carne e osso. Podemos ter várias infâncias, mas crianças somos uma vez só. A criança, por não vir ao mundo já falante é exigida a começar-se na experiência de linguagem, ou seja, tem que aprender a falar, a cantar, a desenhar, a modelar, a dramatizar, a dançar, como modo de aprender a narrar o vivido e o que pode ser vivido para situar-se na convivência. Por não estar em linguagem desde sempre e ter que com ela aprender a nela colocar-se, a infância não é natural, universal e nem pode ser antecipada. Aqui, infância e criança são conceitos diferentes. Infância como tempo radical na vida de todos diz respeito aos começos linguageiros do humano e permite conceber a educação infantil como tempo e lugar de aprender a encantar-se com o ato lúdico de estar em linguagem como devir-brincante que desenha, canta, escreve, pinta, dança, constrói objetos experimentando, tentando e encontrando novidades. E é através dessas diferentes formas do corpo estar em linguagem que o humano constitui modos singulares de conviver no coletivo. Os resultados parciais apontam a relevância educacional em aproximar o fenômeno da mímesis e a experiência poética da linguagem, pois ambos envolvem a produção de sentidos pela ação do corpo operante no mundo, ou seja, a ideia de mímesis não implica cópia ou reprodução, mas reapropriação do mundo, na qual tanto crianças quanto os adultos recriam sentidos, arranjam e rearranjam narrativas que significam a convivência. Aqui, o cuidado com a função vital da linguagem como experiência de mundo torna-se relevante intenção educativa com bebês e crianças pequenas na educação infantil para com elas conviver em tempos e espaços que autorizem a abertura àquilo que nos é mais comum, a experiência de linguagem.

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