NA PONTA DOS DEDOS: AUTO-ORGANIZAÇÃO ATRAVÉS DO ACOPLAMENTO À REALIDADE

Alice Petry da Silva, Pedro dos Reis Viegas, Alexandre da Silva Quadros, Nize Maria Campos Pellanda

Resumo


Este trabalho consiste em apresentar a pesquisa intitulada "Na ponta dos dedos: o iPad como instrumento complexo de cognição/subjetivação”, por três dos bolsistas participantes da pesquisa. No projeto de pesquisa utilizamos o iPad para o acoplamento das crianças, diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista, com a realidade. Nossa abordagem se dá a partir do paradigma da complexidade, além de apostarmos na plasticidade neuronal e no sistema háptico, pois pesquisas recentes têm mostrado que o toque na ponta dos dedos pode fazer disparar mecanismos neurofisiológicos. Buscamos também romper com a abordagem tradicional do autismo que reforça as estereotipias, investindo no princípio da complexificação e no conceito de autopoiesis de Humberto Maturana e Francisco Varela, no princípio de auto-organização de Heinz Von Foerster, e na aprendizagem pelo ruído de Henri Atlan. Esta pesquisa está vinculada ao "Grupo de Ações e Investigações Autopoiéticas" (GAIA), sob orientação da professora Dra. Nize Maria Campos Pellanda. O GAIA tem como objetivo realizar estudos sobre o processo de ontogênese dos sujeitos, investigação sobre complexidade, sistema humano e intervenções sociais, além da busca por aprofundamento teórico em relação às questões relativas à abordagem cibernética, assim construindo e elaborando intervenções em situações educativas e contribuir para este novo paradigma educacional baseado no principio autopoiético/complexo. Ao observarmos a criança diagnosticada com TEA acoplando-se ao objeto técnico, iPad, podemos sinalizar algumas significativas transformações cognitivas, subjetivas e físicas. Através do projeto temos como objetivo oferecer um ambiente provocador que foge do habitual fazendo com que a criança tenha a necessidade de se auto-organizar. Além disso, entender como as tecnologias podem potencializar a construção do conhecimento e da subjetividade do sujeito, observar o processo de complexificação dos sujeitos através de novos patamares cognitivos e a interação social. Acreditamos que conhecer novos espaços, bem como diferentes tecnologias, contribuem no processo de ontoepistemogênese, termo este tecido pelo GAIA, para designar os processos de emergência do conhecer e do subjetivar-se de forma integrada no próprio processo do viver. Procuramos romper com as abordagens tradicionais e comportamentalistas que rotulam o sujeito através de suas atitudes mecânicas de repetição que só aumentam as estereotipias e causam o sofrimento às crianças, como reflexo prejudicando as relações familiares com o sujeito diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista. Os estudos se firmam através de autonarrativas realizadas pelos bolsistas e filmagens dos atendimentos para análise posterior por parte do GAIA, de forma com que os relatos particulares se tornam de vital importância ao andamento do projeto. Consideramos uma abordagem complexa do Transtorno do Espectro Autista sem fazer a separação da cognição da subjetivação, respeitando o sujeito autista como um sujeito-autor.

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