INFLUÊNCIA DE GLICEROL NA PRODUÇÃO DE BIOMASSA MICROALGAL E NO PERFIL DE ÁCIDOS GRAXOS VISANDO A OBTENÇÃO DE BIODIESEL

Gisele Alves, Eduarda Torres Amaral, Rosana de Cassia de Souza Schneider, Lisianne Brittes Benitez., Michele Hoeltz

Resumo


O desenvolvimento de novas tecnologias para a produção de energias limpas é de grande importância. A pesquisa de matérias primas alternativas é necessária para que a produção de biocombustíveis se torne viável e ambientalmente sustentável. Um dos materiais mais utilizados atualmente para a produção de biocombustíveis são as microalgas. O rápido crescimento e a vasta composição bioquímica destes micro-organismos, especialmente o teor lipídico, os torna potenciais fontes para a produção de biodiesel. Elas estimulam a biofixação de CO2 e acumulam durante o seu crescimento grandes quantidades de lipídeos no interior das células. Quando o desenvolvimento se dá em corpos receptores, esses micro-organismos promovem a remediação removendo, entre outros, nitrogênio, fósforo e metais tóxicos de efluentes colaborando para a diminuição dos processos de eutrofização e agregando valor ao tratamento pelo aproveitamento da biomassa microalgal. Na produção de microalgas podem ser utilizadas inúmeras fontes nutricionais, entre elas destaca-se o glicerol, considerado uma fonte de carbono suplementar que pode favorecer o crescimento da biomassa e impulsionar a síntese e acumulação de lipídios intracelulares em diversas espécies. Neste trabalho, o objetivo foi verificar a influência do glicerol na produção de microalgas, no acúmulo de lipídeos e no perfil de ácidos graxos da biomassa visando melhorar as condições para a obtenção de biodiesel. As microalgas utilizadas foram cultivadas a partir do efluente oriundo da Estação de Tratamento de Esgoto da Universidade de Santa Cruz do Sul, reconhecido por apresentar altas concentrações de fósforo. O inóculo das microalgas e os experimentos foram realizados utilizando o próprio efluente como meio de cultura. Para avaliar o comportamento da microalga usando glicerol como suplemento de carbono, as culturas foram desenvolvidas em fotobiorreatores de 2,5 L e os testes desenvolvidos em triplicata. Foram testadas as concentrações de 7,5; 10,4 e 12,5 g L-1 de glicerol, juntamente com o controle sem o suplemento. O crescimento das microalgas foi acompanhado por medidas diárias de absorbância em espectrofotômetro e o rendimento foi obtido em peso seco após a secagem da biomassa. Os lipídeos foram extraídos pelo método BLIGH & DYER e analisados por Cromatografia Gasosa. A concentração de 7,5 g L-1 foi a que apresentou os melhores rendimentos sendo  3,778 ± 1,1210 g L-1 em biomassa e 0,135 ± 0.008 g L-1 em lipídios. Foi observado que independentemente das diferentes concentrações do glicerol houve um aumento nos ácidos graxos de cadeia longa em relação às amostras do controle. Os ácidos mirístico (C14:0), palmítico (C16:0) e esteárico (C18: 0), considerados importantes por aumentar a qualidade e o desempenho do biodiesel, foram encontrados em concentrações relevantes neste estudo. Conclui-se assim, que a suplementação do meio de cultivo com glicerol tem uma influência positiva no rendimento de biomassa e condiciona as microalgas ao acúmulo de lipídeos com um perfil cromatográfico favorável à obtenção de biodiesel. 


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