AVALIAÇÃO SENSORIAL DE EMULSÃO CONTENDO ÓLEO DE ABACATE COMO ADJUVANTE NO TRATAMENTO DAS ALTERAÇÕES EPITELIAIS DE PACIENTES ONCOLÓGICOS

Vanessa Caroline Hermes, Tatiele Katzer, Bruna Natália Rohr, Chana de Medeiros da Silva, Lia Gonçalves Possuelo

Resumo


O câncer é uma das principais causas de morte no mundo, ultrapassando as doenças cardiovasculares e com perspectiva de crescimento nos próximos vinte anos. Devido à complexidade de seu tratamento, esta doença já é considerada uma condição crônica, que requer meses ou até anos de tratamento com terapias complexas e tóxicas, causando severos efeitos adversos e comprometendo a autoestima do paciente. A pele é o primeiro tecido a manifestar esses efeitos adversos, acometendo aproximadamente 95% dos pacientes em tratamento. Isto ocorre porque nos tecidos cutâneos a taxa de renovação celular é elevada, tornando a pele um órgão potencialmente vulnerável à ação citostática e citotóxica dos quimioterápicos. Dentre as alterações cutâneas, pode-se citar a desidratação, descamação, fissuras, vermelhidão e ocasionalmente, sangramentos. O óleo de abacate (Persea americana Miller) é muito utilizado pelas indústrias farmacêuticas e de cosméticos, por suas características físicas e químicas, uma vez que faz parte de sua composição, em elevadas quantidades, a fração insaponificável que é responsável por propriedades regenerativas da epiderme. Esse trabalho teve como objetivo desenvolver emulsões do tipo óleo em água (O/A) com diferentes concentrações de óleo de abacate, voltadas para pele de pacientes oncológicos e avaliar suas características de estabilidade, microbiológicas e sensoriais. Foram desenvolvidas duas emulsões contendo 10% (F1) e 15% (F2) de óleo de abacate. As formulações foram submetidas a condições de estresse (centrifugação, aquecimento em estufa e ciclo gela-degela) para verificar sinais de instabilidade, avaliação do pH e microbiológica (contagem de bolores, leveduras e bactérias aeróbicas), conforme preconizado pela farmacopeia para produtos cosmecêuticos. Também foi realizada análise sensorial das formulações em pacientes oncológicos, a fim de avaliar os atributos espalhabilidade, oleosidade, pegajosidade, formação de filme na pele e aceitabilidade. Inicialmente as formulações apresentaram-se homogêneas, de coloração esverdeada e odor característico do óleo de abacate, com média de pH 5,5. Durante o teste de estabilidade preliminar, ambas formulações se mostraram estáveis, sem apresentar alterações em suas características organolépticas e de pH (5,45 a 5,53). Na análise microbiológica, as formulações atenderam as especificações farmacopeicas. A avaliação sensorial demonstrou que a F2 apresentou maior pontuação nos atributos oleosidade, pegajosidade e formação de filme, enquanto que a F1 apresentou melhor desempenho no atributo espalhabilidade. Com referência à aceitabilidade, os voluntários escolheram a F1 (60%). O critério espalhabilidade foi o que definiu a aceitação da F1 em relação a F2 pelos pacientes oncológicos. Ambas formulações foram consideradas aprovadas em todos os testes realizados, sendo que a F1 foi a escolhida pelos pacientes oncológicos. Pretende-se apresentar o produto desenvolvido para empresas que tenham o interesse em desenvolver produtos naturais que utilizam matérias-primas de origem vegetal e que sejam voltados para pacientes oncológicos, para que possam se beneficiar das propriedades emolientes e nutritivas do óleo de abacate.


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