IMPORTÂNCIA DA ODONTOLOGIA NO CONTROLE DE INFECÇÃO EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

Amanda Olga Muller, Michele Altermann Platen, Cristian Raul Froemming, Karoline Kniphoff dos Santos, Rita Fabiane Teixeira Gomes, Vânia Rosimeri Frantz Schlesener

Resumo


A inserção da odontologia na equipe multidisciplinar hospitalar é importante, não apenas na intervenção curativa mas principalmente preventivo/educativa. Considerando-se que mais da metade dos microrganismos corporais encontram-se na cavidade oral, sua descontaminação periódica constitui um elemento chave na redução de complicações como pneumonia nosocomial, pneumonia associada a ventilação mecânica, endocardite infecciosa e sepse. No entanto, algumas estratégias simples de prevenção altamente recomendadas, como os cuidados bucais completos são muitas vezes negligenciados durante o período de internação hospitalar. As infecções respiratórias apresentam grande impacto no aumento da morbidade e mortalidade, custos hospitalares, uso prolongado de antimicrobianos, podendo atuar como fator secundário na prorrogação do tempo de internação hospitalar. O estudo teve como objetivo de analisar a proporção de pacientes internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) que permaneceram intubados e relacionar com condições de saúde bucal e ocorrência de infecção. Foi realizado um estudo observacional, transversal e retrospectivo a partir da análise dos prontuários odontológicos preenchidos diariamente por residentes de odontologia, na UTI de um Hospital de Ensino do Sul do Brasil, no período de abril de 2016 a janeiro de 2018. As variáveis de interesse foram sexo, especialidade, período de intubação orotraqueal, ocorrência de infecções e origem (comunitária ou hospitalar), condições de saúde bucal, presença de lesões estomatológicas e desfecho clínico. Foram excluídos os prontuários com informações incompletas. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob parecer 2.044. 610. Foram analisados 1.150 prontuários, sendo 59,4% masculinos e 40,7% femininos. A área clínica que mais internou nesse período foi a cardiologia, (35,4%), seguidos pela angiologia (16,2%) e pneumologia (11,2%). Dos pacientes analisados, 36,6% apresentaram algum tipo de infecção, sendo que a infecção hospitalar correspondeu a 7,1%. O sítio de infecção mais prevalente foi o pulmonar, com 173 casos, e destes, 55 apresentaram lesões estomatológicas agudas, 105 pacientes apresentavam condições de saúde bucal ruim ou regular, 140 pacientes foram intubados e a maioria (84) permaneceu até 5 dias intubados. Considerando o desfecho clínico, 57 pacientes que tiveram infecção respiratória evoluíram para óbito. No total, 167 pacientes evoluíram para óbito na UTI e destes 91% permaneceram intubados. A partir da pesquisa pode-se observar que a maioria dos pacientes não apresentam boas condições de saúde bucal e apresentavam condições que dificultavam o acesso para controle mecânico do biofilme. Sendo esse o principal nicho de acúmulo de microrganismos patogênicos, justifica-se então a importância da atuação da odontologia na rotina clínica da UTI, contribuindo para a realização do controle de infecção. Considerando que a maioria dos infecções foram de foco pulmonar, conclui-se que a redução dos focos de infecções bucais podem reduzir a contaminação e as chances de desenvolver pneumonia associada a ventilação mecânica. Ainda nesse sentido, destaca-se a importância da inserção da odontologia na equipe multidisciplinar hospitalar como preventivo/educativa no controle de infecções e outras patologias.


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