ANÁLISE DO PAPEL DOS AGRICULTORES NA PRODUÇÃO DE SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS PARA A AGRICULTURA FAMILIAR

Camila Pereira Brum, Cidonea Machado Deponti, Silvio Arend

Resumo


As tecnologias e inovações produzidas, a partir de 1970, pela pesquisa agropecuária no Brasil, foram causadas pela implementação do processo de modernização conservadora e as modificações realizadas não consideraram e, ainda não consideram, como parte prioritária, a produção gerada pelos agricultores de base familiar. As instituições de pesquisa e extensão agrícola voltaram-se para o desenvolvimento de tecnologias para produtos voltados dos mercados industriais. Tendo em vista que agricultores são sujeitos portadores de agência, significando que são dotados de conhecimentos necessários para a elaboração de estratégias e tomadas de decisões, mesmo estando, muitas vezes, sob condições adversas, torna-se fundamental analisar as soluções produzidas por este segmento para suprir as suas demandas tecnológicas, de modo que seja possível a melhora na eficiência de suas atividades agropecuárias, aprendendo como acontecem os processos de criação de soluções tecnológicas e as razões que levam os agricultores familiares a desenvolverem soluções próprias para seus problemas produtivos, garantindo a reprodução enquanto agricultores. O presente projeto objetiva examinar em que medida as organizações e instituições existentes influenciam em tal processo e quais as destinações das tecnologias criadas, de modo a entender onde se encontram as maiores dificuldades tecnológicas da agricultura familiar, pretendendo envolver os acadêmicos com o tema da inovação na agricultura familiar, assim, formando uma maior disponibilidade de recursos humanos para próximas pesquisas relacionadas ao tema. Para isso, foram definidas duas áreas de pesquisa distintas, a região denominada Vale do Rio Pardo, situado no Rio Grande do Sul e a região Oeste do Paraná. A escolha das duas regiões deve-se, em primeiro lugar, à importância da agricultura e, sobretudo, da agricultura familiar para ambos estados e para as respectivas regiões, enquanto a atividade agrícola no Vale do Rio Pardo é caracterizada, prioritariamente, pela produção de tabaco destinado a indústria fumageira, a região Oeste do Paraná estrutura sua atividade agropecuária de forma mais diversificada, como a produção de suínos e aves pelos agricultores familiares integrando o cultivo de soja e milho destinado à agroindústria produtoras de óleo e farelos para a indústria de rações. No estado do Paraná, dos 371.051 estabelecimentos rurais, os de até 50 hectares representam 88,3%, ocupando 39,0% da área; no Rio Grande do Sul, existe mais de 440.000 estabelecimentos agropecuários, ocupando 1,2 milhão de pessoas, uma área de 20,3 milhões de hectares. Dentre os resultados parciais obtidos até o presente momento, destacam-se: revisão de literatura parcial, aplicação de roteiros semiestruturados de pesquisa para levantamento das soluções tecnológicas dos agricultores familiares, dentre as soluções tecnológicas já catalogadas no projeto, alguns exemplos podem ser ressaltados como o Dispositivo Simplificado de Despesca e Desenvolvimento de Alevinos, Rachador de Lenha Hidráulico, Paiol com Sistema de Expurgo e Controle de Roedores, entre outros. O projeto está em andamento e ainda não apresenta conclusões.


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