LEITURA: O BIOLÓGICO E O DISCURSIVO

Cristiano Sandim Paschoal, Cristiane Dall Cortivo Lebler

Resumo


Visto que a Leitura e a Escrita, diferentemente da fala, não são aprendidas espontaneamente, ou seja, necessitam de metodologias de ensino sistemáticas para que o homem consiga participar ativamente das práticas sociais de uma sociedade letrada, o projeto de pesquisa “Leitura: o biológico e o discursivo”, vinculado ao projeto de pesquisa “A escrita, a reescrita e a produção de sentidos”, visa a apresentar, dentre as muitas existentes, duas perspectivas sob a leitura, modalidade relacionada com a escrita e bastante recorrente na vida cotidiana homem/aluno. Para tanto, buscou-se abordar os aspectos biológicos envolvidos durante o ato de ler, descrevendo os processos e mecanismos cerebrais que ocorrem concomitante a essa prática. Nesse sentido, ancorando-se na área da Neurociência com interface à Linguística Cognitiva, afirma-se  que a aprendizagem da leitura ocorre, primeiramente, através de entradas visuais e processamentos de sinais luminosos que são direcionados à região cerebral occípitotemporal ventral esquerda, responsável pela forma e reconhecimento visual das palavras e existente apenas em pessoas que aprenderam a ler. Após o processamento do reconhecimento visual da palavra escrita, ocorre uma distribuição dessas informações entre duas vias cerebrais: uma responsável pela consciência fonêmica e grafêmica e outra responsável pela associação daquilo que foi lido ao significado. Além disso, buscou-se investigar a leitura sob a ótica discursiva que, dentre suas muitas teorias existentes, optou-se pela Teoria da Argumentação na Língua, postulada na década de 80, por Ascombre e Ducrot e em desenvolvimento atual por Oswald Ducrot com Marion Carel. Essa teoria, em seu desmembramento intitulado Teoria dos Blocos Semânticos (TBS), concebe a língua como sendo, prioritariamente, argumentativa. Como  objeto de estudo da TBS é o enunciado, faz-se necessário observar que a leitura, sob esses preceitos, é observada e analisada enquanto um produto do discurso, interessando o valor argumentativo que as palavras que compõem um texto possuem e, principalmente, os múltiplos sentidos que essas palavras evocam. Constatou-se, durante esta pesquisa bibliográfica, como o entendimento/estudo de diferentes olhares para a leitura pode fornecer inúmeros recursos para os métodos de ensino que envolvem as práticas de leitura. Também, por vincular-se a um curso de licenciatura que, dentre outras questões, preocupa-se com o desenvolvimento da habilidade de leitura, torna-se relevante refletir sobre as práticas pedagógicas de sala de aula. Portanto, pode-se perceber que, em termos gerais, ambas perspectivas de leitura (Cognitiva e Discursiva) podem contribuir para o desenvolvimento de um leitor eficaz.


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