Este trabalho tem como objetivo apresentar a sistematização de experiência da Feira Pedagógica da Escola Família Agrícola de Santa Cruz do Sul (EFASC), tomando em conta a dimensão transformadora da experiência. Para tanto, será descrito e analisado o processo da feira, bem como sua relação pedagógica na alternância tempo-escola e tempo-comunidade. A Feira Pedagógica é um instrumento pedagógico da EFASC, fundamental para a formação dos/as jovens do campo. Dentre seus principais objetivos estão estimular a troca de saberes, valorizar os alimentos orgânicos produzidos pela agricultura familiar, bem como desenvolver a auto-organização dos/as estudantes durante todo processo de construção da feira. A mesma acontece toda segunda-feira, das 17:30 às 19:00, nas dependências da escola, mas seu processo é mais amplo e tem seu início antes mesmo da comercialização dos produtos. A sistematização desta experiência é fundamental para tornar uma prática em um objeto de estudo, e para que possibilite a recuperação e a reflexão do viver compartilhado. Além disso, constitui-se um instrumento de transformação social. Através do registro, da escrita, da reflexão, as experiências chegam a mais pessoas, se tornam conhecidas, podendo servir de inspiração para outras práticas sociais, em especial, aquelas com intencionalidades educativas. O processo da Feira Pedagógica se divide em seis etapas: planejamento, levantamento, organização, comercialização, fechamento e reflexão. O planejamento procura organizar os estudantes para que haja disponibilidade de produtos, pelo maior tempo possível, sem produção excedente, bem como para que se tenha também a maior diversidade de produtos agrícolas possíveis; o levantamento é realizado semanalmente, e acontece também para organizar o que cada estudante irá fornecer, conforme a produção e a demanda; a organização, incluindo a do espaço, consiste na identificação dos produtos, a sua classificação, bem como o registro de todos produtos disponíveis em uma planilha de excel; a comercialização é a venda em si, além do contato direto dos/das estudantes com os consumidores, identificando quais são os produtos de maior procura, de onde são as pessoas que buscam os alimentos orgânicos na feira, gerando assim mais demanda; o fechamento consiste na soma dos produtos vendidos, a contabilidade do valor que cada estudante tem a receber, bem como a retirada de 10% do valor de cada um, para um caixa da própria feira, destinado para compra de sacolas e embalagens. Por último, a reflexão, que acontece em cada disciplina, onde cada monitor/a traz de forma contextualizada a reflexão com sua matéria, quais os aprendizados, os conhecimentos gerados, as relações estabelecidas, entre outros. Conclui-se que a Feira Pedagógica cumpre papel importante na Pedagogia da Alternância na medida em que favorece a relação entre a experiência vivida e experiência percebida pelos/pelas estudantes. As mesmas exercem pressões que, dentro do ser social geram transformações. Não se trata de pura empiria, mas de mediações no processo de formação. Os/As estudantes vão se apropriando do processo produtivo, construindo sua autonomia e relacionando a dimensão agroecológica local com aspectos da macroestrutura social, econômica e cultura. Assim, a sistematização de experiência faz desse viver-perceber-refletir objeto de investigação, espaço de discussão e de aprendizagem.