INCLUSÃO E MULTIPLICAÇÃO DISCURSIVA: CARTOGRAFANDO ALGUNS RASTROS

Tais Morgana dos Santos, Bruno Corralo Granata, Giulia Netto Löbler, Betina Hillesheim

Resumo


A pesquisa Inclusão, diferença e políticas: uma cartografia, da qual origina esta escrita, compreende e estuda a inclusão como uma construção social recente, marcada pela multiplicação de discursos, especialmente no final do século XX e início do século XXI, que a produzem como um princípio natural e, portanto, inquestionável. Parte-se da noção foucaultiana sobre jogos de verdade, entendendo-se que, em cada tempo, determinados discursos assumem o estatuto do verdadeiro ou falso. Assim, a pesquisa objetiva analisar o modo como se constrói a discursividade sobre inclusão em diferentes campos na contemporaneidade, tendo, para esse recorte, o mapeamento e análise de múltiplos veículos midiáticos. A mídia, neste texto, assume o lugar de produtor, reprodutor e multiplicador de enunciados, participando ativamente na produção de subjetividades e identidades. Para a produção de dados, foi utilizado o diário de campo coletivo, considerado um importante dispositivo de registro e memória dos acontecimentos, capaz de compreender um objeto de estudo em suas múltiplas dimensões. A partir dele, foram registrados, no total, entre abril de 2015 e dezembro de 2017, 141 materiais, sistematizados em tabelas, de acordo com o local de onde haviam sido retirados: anúncios/notícias de TV e rádio (18), anúncios/notícias de jornais e revistas (48), sites e redes sociais (43), registro de conversas cotidianas (4) ou outros materiais (28). Destaca-se o fato de diferentes veículos midiáticos apresentarem, em alguma medida, conteúdos que discutem a inclusão. Todavia, na produção de dados realizada, houve uma concentração dos resultados no âmbito dos jornais e revistas, bem como dos sites e redes sociais, o que pode ser atribuída à maior facilidade de registro disponível de forma impressa ou digital. Em um segundo momento, o trabalho voltou-se para a identificação e análise dos diferentes campos emissores do discurso da inclusão. Nos anúncios/notícias de TV e rádio, a inclusão é falada pelos campos da tecnologia, moda, religião, cultura/arte, política, educação, bem como do lazer/entretenimento, esporte, trabalho, turismo e comércio de produtos. Nos anúncios/notícias de jornais e revistas, muitos dos campos acima se repetem – tecnologia, moda, religião, cultura/arte, educação, lazer/entretenimento, esporte, trabalho e comércio de produtos. Acrescentam-se ainda o campo da saúde e migração. Nos sites e redes sociais, os campos que se destacam são os do trabalho, comércio de produtos, lazer/entretenimento, além da religião, educação, saúde, cultura/arte, moda, tecnologia e Psicologia. Por último, os registros das conversas cotidianas e de outros materiais remetem aos campos do esporte, lazer/entretenimento, trabalho, assim como da tecnologia, migração, literatura, solidariedade e Psicologia. Os resultados e a diversidade de campos identificados apontam, logo, para uma proliferação discursiva sobre a inclusão. Em outras palavras, cada vez mais seus limites são expandidos, tornando-se objeto discursivo não só dos diferentes meios de comunicação, mas também dos inúmeros saberes que fazem parte do cotidiano dos sujeitos.


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