CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÔMICA DE IDOSOS RESIDENTES DO MEIO RURAL.

Diorginis Luis Fontoura da Rosa, Rafaele Luiza Klafke, Eduarda Correa Lasta, Laura Zimmer Helfer, Lilian Thais Konzen, Silvia Virginia Coutinho Areosa

Resumo


O Brasil passa por uma mudança na sua estrutura populacional, econômica e social, sendo um dos fatores o aumento da população idosa. Segundo dados do IBGE (2018), em 2017 contabilizou-se 30,2 milhões de idosos. Fazendo-se necessário a criação de políticas, programas e ações que assegurem direitos a esta nova demanda populacional, entre as quais se encontra o acesso a benefícios sociais previdenciários. No meio rural, homens (acima de 60 anos) e mulheres (acima de 55 anos), que comprovam qualquer tipo de trabalho agrícola de sustento passam a ter acesso a uma aposentadoria no valor de um salário mínimo (R$937,00 em 2018). A aposentadoria rural, configura um benefício que melhora a renda destes idosos em seus domicílios, já que antes dependiam basicamente da renda advinda do trabalho agrícola, que nem sempre é estável e garantida. Agora, com esta receita adicional, o idoso também passa a ser ator importante na organização financeira do lar, já que contribuí mensalmente e de maneira significativa (TAVARES et. al. 2011). Mas ainda que comecem a receber o benefício financeiro, muitos idosos continuam trabalhando, como forma de complementar sua renda. Pouco se sabe sobre esta realidade, tendo em vista que a maior parte das pesquisas sobre idosos e renda se dirigem ao contexto urbano, existindo uma lacuna de estudos que contemplem os idosos moradores do campo. Assim, o projeto de pesquisa intitulado “Estudo Socioeconômico e Demográfico da População Idosa no Meio Rural do Município de Santa Cruz do Sul” busca elucidar a realidade dos idosos no meio rural do município, verificando as condições econômicas e sociodemográficas destes, além de suas representações sociais acerca da velhice. Neste recorte serão apresentadas as características socioeconômicas de idosos dos sete distritos do município: Alto Paredão; Saraiva; São Martinho; Rio Pardinho; Boa Vista; Monte Alverne e São José da Reserva. O trabalho está ancorado na abordagem quantitativa, desenvolvida através da aplicação de um questionário realizado com 232 idosos, de ambos os sexos, contatados através de Estratégias de Saúde da Família (ESFs) e grupos de convivência. O tratamento dos dados foi através do software Statistical Package for Social Sciences (SPSS) - Versão 18.0.  A amostra apresenta 179 (77,25%) idosos que relatam ter a aposentadoria como sua principal fonte de renda, enquanto 48 (20,7%) mencionaram as pensões. No âmbito familiar, do total da amostra 168 (72,4%) dividem as despesas com cônjuges e/ou filhos e 40 (17,2%), são os únicos responsáveis pelas despesas do lar. Quando questionados sobre a renda mensal, 224 (96,5%) idosos declararam possuir uma renda de até três salários, contudo, 84 (36,2%) destes informaram não ter dinheiro suficiente para algumas necessidades básicas, como saúde, compra de medicamentos e lazer. Conforme se observa nos dados, a renda dos idosos é obtida, principalmente, dos benefícios previdenciários, garantindo assim tranquilidade e seguridade financeira, porém, para parte da população estes benefícios não são suficientes para garantir as despesas básicas, sendo necessário, em alguns casos, manter um cultivo de subsistência. Assim, deve-se fazer uma reflexão acerca desta necessidade de complementar a renda, pois em algum momento devido à idade avançada ou as condições de saúde, estes idosos não poderão mais realizar atividades laborais no campo, então como obterão os recursos necessários para manter uma qualidade mínima de vida?


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