ANÁLISE DE MISTURAS SOLO-AGREGADO PARA O USO EM ESTRADAS RURAIS COMO REVESTIMENTO PRIMÁRIO

Larissa Caroline Vogt, Caroline Castilhos Rezende, Nícholas Matheus Lau, Taline Koch, Leandro Olivio Nervis

Resumo


As estradas não pavimentadas representam um importante papel no desenvolvimento socioeconômico de uma região, pois são responsáveis pelo escoamento da produção agrícola e pela integração entre o campo e a cidade através do acesso da comunidade rural aos serviços de saúde, educação, lazer e comércio dos grandes centros urbanos. Contudo, o problema nacional referente à malha rodoviária não se resume na grande extensão de vias não pavimentadas, e sim nas condições deficientes de tráfego que essas se encontram. Desta forma, a presente pesquisa foi limitada à realização de estudos experimentais e teóricos abrangendo a interpretação, análise e discussão dos resultados obtidos para a mistura de solo-brita, e seu emprego na definição de uma proposta de solução para o revestimento primário na região de Novo Xingu-RS. As amostras de solo-agregado foram submetidas a ensaios voltados à classificação, ensaios para obtenção dos parâmetros de resistência do solo (cisalhamento direto, compressão simples e diametral) e das misturas solo-agregado (compressão simples e diametral), além de ensaios para a determinação do coeficiente de atrito de diferentes superfícies. O solo estudado trata-se de uma argila siltosa, sem presença de pedregulho e com uma porcentagem de areia pouco significativa. O mesmo teve adição de 30% e 35% de brita 0 e brita 1 oriundas de jazida localizada no município de Sarandi-RS. A partir dos ensaios de compressão simples e de compressão diametral traçaram-se os círculos de Mohr e a envoltória de ruptura para o solo, para o solo com 30% de brita 1 e para o solo com 35% de brita 1, com o objetivo de obter os parâmetros de resistência. Ao comparar os parâmetros de resistência obtidos nos ensaios de compressão simples e diametral do solo com os obtidos no ensaio de cisalhamento direto do solo compactado na energia normal, verifica-se que o valor de coesão é igual e que o ângulo de atrito interno tem uma variação de 7°. O que se explica pela heterogeneidade do solo e pelo fato de o plano de ruptura ser forçado no cisalhamento direto. A argila estudada, a qual possui comportamento laterítico, mesmo sem a presença de material granular garante capacidade de suporte da via, apresentando resultados melhores do que quando misturada com brita 1, mostrando que para solos com esse comportamento, muitas vezes pode ser dispensada a introdução de material granular. Entretanto, se tratando de atrito, a adição da brita à argila garante uma boa aderência entre pneu e pista. Desta forma, observando os parâmetros dos ensaios envolvendo mistura de solo e brita 1, conclui-se que além de aumentar o peso específico aparente seco máximo, a adição do agregado no solo influi também na queda da umidade ótima, pois a densidade da brita é maior do que a densidade do solo e à medida que se aumenta a porcentagem de brita na mistura, diminui-se a área específica, demandando menos água para lubrificar o mesmo volume de material. Sendo assim, a solução de revestimento primário que apresentou melhor desempenho técnico e se mostrou economicamente viável, podendo então ser aplicada nas estradas rurais da região de Novo Xingu-RS, considerando a amostragem estudada, foi a implantação de uma camada de revestimento primário de 25 cm de espessura, composta de solo compactado na energia intermediária com agulhamento de 1 cm de brita 0 sem pedras soltas, desde que sejam garantidas boas condições de drenagem, tal que não venha a ocorrer a saturação da camada de argila.


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