QUANTIFICAÇÃO DE COMPOSTOS FENÓLICOS E FLAVONOIDES EM VEGETAIS, FARINHAS DE VEGETAIS E PRODUTOS DE PANIFICAÇÃO

Pedro Henrique Matos Pereira, BETINA MARIELA BARRETO, FRANCINI AGNES, Nádia de Monte Baccar, Ana Lúcia Becker Rohlfes

Resumo


Estima-se que, no Brasil, apenas 40% da produção de verduras, hortaliças e frutos cheguem ao consumidor. Diariamente são descartados cerca de 39 milhões de toneladas de alimentos que poderiam nutrir 78% da população que não tem acesso à alimentação. Tendo em vista este cenário, uma alternativa para reaproveitamento de resíduos como cascas, polpas, sementes e caroços seria a produção de pós alimentícios ou farinhas, uma vez que possuem componentes como fibras, vitaminas, minerais, substâncias fenólicas e flavonoides, que podem ser utilizadas na produção de sobremesas, biscoitos, massas e pães. A busca de alimentos saudáveis por consumidores que, além de satisfazer suas necessidades fisiológicas, procuram manter uma alimentação mais sustentável e saudável que possam lhe trazer benefícios associados ao seu consumo como na diminuição de doenças crônicas não transmissíveis. Dentre estes, destacam-se os alimentos funcionais que caracterizam-se pela presença de uma gama de compostos bioativos. Neste sentido, este trabalho objetiva analisar o teor de compostos fenolicos totais (CF) e flavonoides totais (FT) em farinhas produzidas de resíduos de cenoura (FC) e beterraba (FB) em condições de desidratação otimizadas anteriormente para FC à temperatura de 45°C e 6 h de desidratação e para FB, à mesma temperatura, por 9 h, bem como em massas e pães elaborados com substituição parcial de farinha de trigo por FC e FB, em concentrações que variaram de 10 a 30%. Os pães com diferentes percentuais de FC foram assados à temperatua de 190ºC por 30 minutos e os com FB por 45 min, a 180ºC. Os produtos foram mantidos sob refrigeração até o momento da análise, sendo macerados a fim de manter maior reprodutibilidade no processo de extração. Para determinação de CF, utilizou-se o método espectrofotométrico, em 725 nm, que utiliza o reagente Folin-Ciocalteau e solução padrão de ácido gálico. A extração dos CF foi realizada em banho de ultrassom por 1 h utilizado etanol 50%  como solvente. Os resultados são expressos em mg de equivalentes de ácido gálico (EAG) em 100 g de produto. A determinação de FT foi realizada empregando espectrofotometria na região visível, 510 nm, a partir da formação de complexos coloridos estáveis, empregando quercetina como padrão. Para a quantificação, utilizou-se da mesma metodologia de extração para CF. Para uma melhor avaliação das farinhas produzidas, realizou-se a quantificação de seus respectivos vegetais in natura, seguindo a mesma metodologia. A cenoura apresentou, em sua composição,  39,9 mg de EAG 100 g-1 e a beterraba, 96,1 mg de EAG 100 g-1. Para as farinhas produzidas, os valores obtidos de CF foram de 375,3 mg de EAG 100 g-1 para FC e de 484,2 mg de EAG 100 g-1 para FB. Os teores obtidos, tanto para pães com FC e FB, em concentrações de 10 a 30% variaram de 57,8 mg a 114,1 mg de EAG 100 g-1, enquanto, para as massas a variação foi de 79,1 a 102,4 mg de EAG 100 g-1. Em relação aos teores de FT, os resultados parciais, obtidos até o momento, revelam a mesma tendência. Conclui-se que a produção de farinhas de vegetais, em condições controladas de tempo e temperatura, origina farinhas potencialmente bioativas, sendo uma alternativa viável para aproveitamento de resíduos industrias e a elaboração de pães e massas revela manutenção dos FT e CF nas condições de produção.

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