RELAÇÃO ENTRE O ACÚMULO DE ÁGUA CORPORAL E DESEMPENHO FÍSICO EM PACIENTES COM DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA E FRAÇÃO DE EJEÇÃO PRESERVADA

Douglas Alex Weiss Martins, Paloma Borba Schneiders, Guilherme Dionir Back, Paula Bianchetti, Renata Trimer, Andréa Lucia Gonçalves da Silva

Resumo


A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é definida como uma doença crônica e progressiva, caracterizada por sintomas respiratórios e persistente limitação ao fluxo aéreo, devido as alterações estruturais, geralmente causadas por exposição a partículas ou gases nocivos inalados. A DPOC está entre as principais causas de morte e de incapacidade física no mundo, afetando inicialmente os pulmões e evoluindo com alterações sistêmicas e presença de comorbidades em 96% dos pacientes. Entre as comorbidades, as doenças cardiovasculares se destacam, pois contribuem para a retenção hídrica e alteração da composição corporal podendo refletir na capacidade de exercício, qualidade de vida e mortalidade dessa população. A pesquisa tem como objetivo investigar a relação entre o acúmulo de água corporal e desempenho físico em pacientes com DPOC e Fração de Ejeção (FE) preservada. Estudo transversal, prospectivo, com amostragem de conveniência, composto por pacientes com DPOC do Programa de Reabilitação Pulmonar do Hospital Santa Cruz. Foram incluídos pacientes com DPOC com FE preservada pelo ecocardiograma e excluídos aqueles com arritmias cardíacas, déficit cognitivo e desordens musculoesqueléticas e nervosas. Os pacientes foram submetidos a avaliação clínica, composição corporal por bioimpedância elétrica (BIA) (Biodynamics®, Brasil) e desempenho físico pelo Teste do Degrau de Seis Minutos (TD6m). Para a aplicação da BIA, os pacientes em jejum foram instruídos a permanecer com a bexiga vazia e em decúbito dorsal, numa posição confortável e relaxado, sem adereços, com pernas e braços levemente abduzidos não permitindo contato entre as extremidades e o tronco, repouso de pelo menos 15 minutos antes de iniciar a avaliação, sendo os eletrodos dispostos sobre a pele higienizada. Para o TD6m utilizou-se um degrau de 20 cm de altura, sobre um tapete de borracha antiderrapante, onde os pacientes foram orientados a subir e descer o maior número de degraus durante 6 minutos, com cadência livre, sem qualquer apoio dos membros superiores, podendo alternar o membro inferior durante o teste. As variáveis [idade, sexo, índice de massa corporal (IMC), número de degraus e as porcentagens de água intracelular e extracelular] foram analisadas por meio do teste de correlação de Pearson no programa SPSS versão 25.0 e considerou-se significativo p=0,05. Foram avaliados 12 pacientes com DPOC com FE preservada média de 67±7,0 %, idade de 67,5±7,1 anos, IMC de 27,2±6,7 kg/m2 e predominância do sexo masculino (n=10). A porcentagem média de água extracelular foi de 46,9±2,9 % e de água intracelular, 53,0±2,9 %. O número de degraus subidos durante o teste foi em média 83,0±21,0 degraus. Encontramos correlação moderada negativa entre a água extracelular e o número de degraus no TD6m (r=-0,578; p=0,049) e correlação moderada positiva entre a água intracelular e o número de degraus no TD6m (r=0,578; p=0,049). Pacientes com DPOC e FE preservada que apresentaram um melhor desempenho físico frente ao TD6m, possuíam menor porcentagem de água extracelular e maior porcentagem de água intracelular. Dessa forma, uma melhor capacidade funcional parece estar diretamente associada à composição corporal quanto às suas porcentagens de água extracelular e intracelular.


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