PAPEL MODERADOR DO TEMPO DE TELEVISÃO NA ASSOCIAÇÃO ENTRE OS NÍVEIS DE APTIDÃO FÍSICA E A PRESENÇA DE EXCESSO DE PESO EM ADOLESCENTES

Náthalie da Costa, Ana Paula sehn, Letícia de Borba Schneiders, Cézane Priscila Reuter

Resumo


É elevada a frequência de adolescentes que passam mais horas do que o recomendado em frente às telas, como a televisão (TV). Além disso, observa-se um aumento de jovens com baixos níveis de aptidão cardiorrespiratória (APCR) e de resistência muscular localizada (RML). Dessa forma, o sedentarismo, juntamente com a inatividade física, constituem-se fatores de risco para o desenvolvimento de fatores de risco às doenças cardiovasculares, como obesidade. No entanto, poucos estudos avaliam o papel moderador do tempo de TV na relação entre os indicadores de aptidão física, de forma conjunta, com a presença de excesso de peso em adolescentes.  Identificar se o tempo de TV exerce papel moderador na relação entre excesso de peso com a combinação das classificações da APCR e da RML em adolescentes.  Estudo transversal com 1225 escolares, de 10 a 17 anos, sendo 676 do sexo feminino, pertencentes a escolas públicas (municipais e estaduais) e privadas, da zona urbana e rural do município de Santa Cruz do Sul/RS. A cor/etnia, tipo de escola, estágio maturacional e o tempo de TV foram obtidos por meio de questionário. O índice de massa corporal (IMC) foi utilizado para avaliação do excesso de peso. O tempo de TV foi considerado através da classificação de baixo tempo (=2horas) e elevado tempo (>2horas), conforme recomendado pela Academia Americana de Pediatria. A APCR foi avaliada por meio do teste de corrida/caminhada de 6 minutos e a RML pelo teste de resistência abdominal, de acordo com o maior número de repetições completas realizadas em 1 minuto, ambos considerando as classificações de zona de risco à saúde e zona saudável, de acordo com o Projeto Esporte Brasil (PROESP-BR). Para analisar os dados, foi utilizada a regressão logística binária, com ajustes para sexo, cor/etnia, tipo de escola e estágio maturacional, considerando os valores de razão de chances (odds ratio; OR) e intervalo de confiança (IC) para 95%. Observa-se que 55,4% dos indivíduos apresentam elevado tempo de TV, 67,8% apresentam classificação de zona de risco à saúde para APCR e 55,2% para RML. Em relação ao excesso de peso, 20,4% apresentam sobrepeso e 14,2% obesidade. Indivíduos com baixo tempo de TV, APCR e RML classificados na zona de risco à saúde apresentam mais chances de desenvolver excesso de peso, quando comparados a indivíduos que apresentam APCR e FML em zona saudável (OR=1,14; IC 95%=1,05-1,25). Já nos indivíduos com elevado tempo de TV, as chances de desenvolver excesso de peso foi evidenciada nos adolescentes que apresentaram APCR em zona de risco à saúde e RML em zona saudável (OR=1,10; IC 95%=1,01-1,20) e com APCR e RML classificados na zona de risco à saúde (OR=1,19; IC 95%=1,10-1,29).  Adolescentes com APCR e RML classificados na zona de risco a saúde, independente do tempo de TV, apresentam mais chances de desenvolver excesso de peso. Contudo, nos adolescentes com elevado tempo de TV e APCR em zona de risco, independente da RML, foi observada maior chance de desenvolvimento de excesso de peso, evidenciando o papel moderador do tempo de TV na relação entre excesso de peso e os níveis de aptidão física em adolescentes. 

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