JORNALISMO COMUNITÁRIO E EXPERIÊNCIAS DE CIDADANIA NA PRODUÇÃO AUDIOVISUAL

Lilian Zanatta, Jane Márcia Mazzarino

Resumo


Tendo como desafio ampliar as relações da universidade com a comunidade, as disciplinas curriculares passaram a incluir atividades que propõem o protagonismo dos alunos em ações comunitárias. Na Oficina de Jornalismo em Comunidades, após um aprofundamento teórico sobre as diferentes formas de atuação do jornalista nas comunidades, os alunos foram convidados a realizar uma intervenção como mediadores na construção de processos informativos com a apropriação das tecnologias de mídia. Definiu-se a linguagem audiovisual e o tema ambiental para a ação de comunicação comunitária. Sortearam-se quatro temas ambientais: terra, água, fogo e ar. Cada equipe de alunos da disciplina poderia escolher um grupo comunitário onde realizaria a mediação. E cada grupo comunitário definiria a forma de abordagem do elemento no audiovisual. Problematiza-se como se dinamizaram as intervenções nos diferentes grupos sociais? Que aproximações e distanciamentos apresentam os modos de fazer que emergiram? Como se caracterizam as abordagens dadas aos temas ambientais? O objetivo do estudo é analisar dinâmicas, modos de fazer e abordagens dos temas pelos grupos comunitários no processo de produção de audiovisuais realizado por meio de intervenções sociais de alunos da disciplina de Oficina de Jornalismo em Comunidades, do curso de Jornalismo da Universidade do Vale do Taquari (Univates). Trata-se de um estudo exploratório, descritivo, guiado pela pesquisa de cunho intervencionista e qualitativa, que envolveu 21 alunos de Jornalismo da Univates e quatro grupos sociais: professores de uma escola pública de Taquari, crianças atendidas por programas assistenciais no município de Lajeado, migrantes haitianos que vivem em Estrela e artistas de rua que atuavam nas sinaleiras de Lajeado. Compõem a análise dos dados os relatos produzidos pelos alunos durante as intervenções e os filmes produzidos pelos grupos sociais. Portanto, a pesquisa envolve estudo bibliográfico, de campo e documental. Como resultados produziram-se quatro audiovisuais por meio de metodologias colaborativas, que provocaram a apropriação das tecnologias de mídia por grupos sociais diversos: professores, crianças, artistas de rua e migrantes. Cada um demonstrou especificidades ao longo do fazer midiático, assim como os vídeos apresentaram perspectivas variadas sobre os quatro elementos. As crianças acolheram a dramatização na abordagem sobre o problema das águas contaminadas, os haitianos relataram a adaptação em terras brasileiras, os malabaristas refletiram sobre sua relação intrínseca com o ar na sua arte e no local de trabalho, enquanto as professoras optaram por abordar a necessidade dos cuidados com o fogo em projeto escolar, que foi o tema do documentário.

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