DESIGUALDADES E ASSIMETRIAS ECONÔMICAS NO TERRITÓRIO DO COREDE VALE DO RIO PARDO

Rita Eduarda Vieira, Tanise Dias Freitas, Cidonea Machado Deponti, Rogério Leandro Lima da Silveira

Resumo


O território de abrangência do Conselho Regional de Desenvolvimento do Vale do Rio Pardo (COREDE/VRP) é constituído por 23 municípios; com área de 13.171,7 km² e uma população de aproximadamente 408.583 habitantes (FEE, 2016). De acordo com o Plano Estratégico de Desenvolvimento da Região do VRP (PED, 2017), a configuração territorial apresenta dois subespaços. O primeiro, mais ao norte, é constituído por municípios menores, em áreas de relevo mais acidentado e com o predomínio da pequena propriedade familiar. O segundo, mais ao sul, é integrado por municípios de grande dimensão territorial, em áreas de relevo mais ondulado e com o predomínio das grandes propriedades de criação de gado e/ou produção de lavouras agroindustriais. A região do VRP apresenta grandes diferenças e particularidades tanto em seu ambiente natural quanto em sua formação histórica e cultural, como também desigualdades em seus processos de crescimento econômico e de desenvolvimento social. Assim, o presente trabalho teve como objetivo identificar semelhanças e diferenças na dimensão econômica entre os 23 municípios que compõem o COREDE Vale do Rio Pardo, analisando as desigualdades intra-regionais. Foram consideradas as variáveis que compõem o indicador econômico PIB Municipal, a saber: VAB Agropecuária, VAB Indústria, VAB Serviços, observando-se também os dados sobre “Impostos, líquidos de subsídios sobre produtos” e “PIB per capita” com base nos dados da Fundação de Economia e Estatística (FEE - RS). Também foi realizada uma pesquisa documental no Plano Estratégico de Desenvolvimento do COREDE-VRP de 2017, para compreender as características socioeconômicas e populacionais dos 23 municípios do Vale do Rio Pardo. Os dados foram analisados e observou-se que: (a) enquanto municípios como Santa Cruz do Sul e Venâncio Aires despontam no quantitativo do Valor Agregado Bruto Total e, consequentemente, no PIB per capita, tem-se (b) municípios como Boqueirão do Leão, Tunas e General Câmara com a produção agrícola do tabaco como base da economia, despontando como piores valores de PIB per capita. A análise dos dados mostrou que os 23 municípios possuem valores de PIB bastante próximos, porém com particularidades que fazem com que cada um tenha uma forma de potencial econômico mais pautada ou em serviços, ou na agropecuária. Ou seja, mesmo para municípios vizinhos, encontram-se diferenças expressivas nas variáveis que refletem as atividades econômicas. Outro ponto a ser destacado é (c) os altos índices no setor de serviços em relação ao setor agropecuário de todos os municípios do COREDE-VRP, apontando para um equívoco os relatos constantes da população que percebe o setor agropecuário como o mais expressivo na região. Ao comparar os dados do PIB dos anos 2000, 2010, 2013, 2014 e 2015 encontra-se uma evolução pouco expressiva na maioria dos municípios, observando-se assim um cenário quase estagnado, com pouco crescimento econômico. Estes resultados permitem concluir que, na dimensão econômica, a região do Vale do Rio Pardo apresenta grandes desigualdades internas, tendo os municípios de Santa Cruz e Venâncio como pólos atrativos da dinamização de atividades econômicas, enquanto que os demais municípios perdem essa capacidade ao alimentarem a cadeia produtiva industrial do tabaco, ficando apenas com o retorno desses recursos no setor de serviços, o que não permite um crescimento econômico mais significativo.


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