REPRESENTAÇÕES SOCIAIS E RELIGIOSIDADE NO CONTEXTO RURAL

Lucas Antonio da Silva, Rodrigo Benck, Silvia Virgínia Coutinho Areosa

Resumo


O envelhecimento humano, mesmo sendo um processo natural da vida, não ocorre sem o acompanhamento de uma vulnerabilidade biológica e social. A religiosidade tem se mostrado associada ao bem-estar psicológico, aspecto esse que contribui para o ajustamento na velhice, principalmente nas interações pessoais. Em síntese a religiosidade tem se mostrado com uma variável capaz de contribuir para a promoção e manutenção do bem-estar da pessoa idosa. De modo geral, o maior envolvimento religioso está associado a melhores indicadores de saúde física, mental e qualidade de vida; a religião pode fornecer coesão social, promover o sentimento de pertencer a um grupo, de continuidade no relacionamento com amigos e familiares e grupos de apoio. Frequentar o serviço religioso é fazer parte de um grupo, o que traz apoio psicossocial que pode promover a saúde. Pensando nesse contexto foi feito um recorte referente ao estudo socioeconômico e demográfico da população idosa no meio rural do município de Santa Cruz do Sul, os dados qualitativos estão sendo trabalhados por meio da técnica de análise de conteúdo de Bardin, esses dados qualitativos foram organizados e analisados a partir do software Nvivo 9.0. Os resultados foram coletados a partir de 20 entrevistas com idosos (10 mulheres e 10 homens) da área rural do município de Santa Cruz do Sul. O material coletado foi analisado e codificado em nove nós, desses foi destacado o nó religiosidade para discussão neste trabalho, para assim investigar as representações sociais sobre a velhice e os traços culturais presentes nas ideias, afetos, crenças, percepções, valores das pessoas idosas do meio rural. Utilizando como pilar central a teoria da representação social, uma vez que para vários autores, a mesma é o resultado do processo de socialização, de forma que estão estreitamente relacionadas à identidade coletiva. E partindo desse princípio, temos a religiosidade não como preparação para a morte como muitos autores discutem, mas sim como sendo uma forma de apoio social, na pesquisa temos o culto religioso, as festas religiosas e os grupos religiosos como locais de encontro, lazer e interação social. A religiosidade, enquanto valor vivenciado cotidianamente pelas pessoas idosas se constitui como uma forma de sociabilidade. Nesse sentido, a contribuição deste estudo é mostrar a possibilidade de abordar a religiosidade não apenas enquanto um exercício individual, mas sim, evidenciar que a vivência religiosa está presente no dia a dia, na busca pela longevidade, na construção e reconstrução dos laços sociais e nas relações entre as gerações. Nos cabe ainda uma reflexão: a consciência de que a religiosidade constitui uma ferramenta importante para abordagem de problemas relacionados à saúde e ao relacionamento social da pessoa idosa.

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