A COMPLEXIFICAÇÃO DE PESQUISADORES OBSERVADORES: UMA VIVÊNCIA COM CRIANÇAS DIAGNOSTICADAS COM O TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA)

Maria Eduarda de Moraes Riva, Alef Mainon de Azevedo Oliveira, Pedro Juan Lawisch Rodríguez, Nize Maria Campos Pellanda

Resumo


O GAIA (GRUPO DE AÇÕES E INVESTIGAÇÕES AUTOPOIÉTICAS) da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC) criado no ano de 2000 abriga um conjunto de projetos vinculados que tem como base teórica o Paradigma da Complexidade. O eixo do grupo é  Educação e Complexidade e o projeto-matriz para o qual todos convergem é “Construção do conceito de Ontoepistemogênese” que consiste em desenvolver um conceito-princípio-operador que de conta do processo cognitivo que emerge junto com o processo de subjetivação de cada ser humano em seu viver. Dentro de sua  gama de projetos de pesquisa, o grupo desenvolve  como projeto vinculado “Na ponta dos dedos: o iPad como instrumento complexo de cognição/subjetivação”, o qual busca estudar a complexificação de crianças diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), através do acoplamento dos sujeitos com o ambiente e com tecnologias touchscreen, o qual perturba estados afetivos e cognitivos através da integração com vídeos, fotos e jogos desafiadores. O referido grupo conta com uma equipe transdiciplinar de cinco bolsistas pertencentes aos cursos de Pedagogia, Psicologia, Medicina e Educação Física, que se dividem em duas equipes: a comissão de frente, que interage diretamente com os sujeitos, e os observadores, que acompanham o processos trazendo sugestões para os atendimentos a partir de uma percepção diferente. Atualmente esse grupo realiza atendimentos semanais com três crianças entre três e onze anos, diagnosticadas com o TEA, que ocorrem na Sala dos Espelhos do Serviço Integrado de Saúde (SIS). Por meio desses, é possível reafirmar o conceito de Ontoepistemogênese, uma vez que os pesquisadores observam e vivenciam a pesquisa de forma acoplada entre sujeito/máquina, sujeito/ambiente e sujeito/sujeito. Nessa perspectiva, entende-se como resultado parcial que a barreira física representada pelo espelho que divide as salas de observação e de atendimento não implica em um distanciamento, tampouco em uma passividade dos observadores, pois estes também aprendem ao mesmo tempo que vivenciam em conjunto com o sujeito pesquisado o processo de complexificação. Além disso, estes se comprometem em apresentar diários de bordo de cada atendimento, bem como autonarrativas bimestrais trazendo seus olhares e implicações pessoais, relembrando a ideia de que o aprender não se separa do viver. A partir disso, conclui-se que o projeto vêm consolidando em seus resultados a ideia de que não se pode considerar o pesquisador como um elemento passivo, mas sim parte integra e ativa, em que a sua subjetividade e interação com o projeto como um todo se torna parte essencial no avanço da sua pesquisa.


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