COMO TRABALHAR NARRATIVAS ORAIS:INVENTARIANDO FERRAMENTAS PARA O PESQUISADOR INICIANTE

Joice Nunes de Souza, Leonardo Müller Frantz, Yasmin Kerolainn Pranke, Éder da Silva Silveira

Resumo


A realização deste trabalho tem como objetivo inventariar as ferramentas utilizadas para a produção, transcrição e análise das fontes orais de modo a facilitar o trabalho do pesquisador iniciante. A origem desse recorte de pesquisa está vinculado aos momentos de estudo e preparação teórica para realização de entrevistas previstas para uma das fases empíricas do projeto “Narrativas sobre políticas e experiências de Ensino Médio de Tempo Integral na América Latina”, vinculado ao grupo de pesquisa “Currículo, Memórias e Narrativas em Educação” - CNPq, da Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC. Metodologicamente, para o desenvolvimento desta pesquisa de cunho qualitativo, buscamos listar indicadores que auxiliem o pesquisador iniciante na utilização das narrativas orais efetuando uma pesquisa bibliográfica dentre os principais autores da área. Para o cruzamento dos resultados da análise produzimos uma tabela desenhada da seguinte maneira: premissas e apontamentos encontrados nos textos sobre a entrevista narrativa/qualitativa, a respeito de memória social e coletiva e sobre narrativa (auto)biográfica, cruzados com os três eixos metodológicos: produção, transcrição e análise de narrativas orais. Embora estejamos em curso no processo de pesquisa, podemos constatar que o/a pesquisador/a precisa analisar e contribuir com diferentes abordagens, conceitos e métodos de estudo, a fim de problematizar as narrativas e memórias sociais presentes em suas fontes. Para isso, deve estar sempre atento e incluir em suas pesquisas as posições dos narradores entrevistados, suas perspectivas e um certo distanciamento perante os eventos estudados. Cada eixo metodológico tem uma série de cuidados a serem tomados. Em relação à produção da entrevista, os autores inventariados até o momento apontam que: a) deve ser feito um planejamento para sua execução, levando em conta os dados dos entrevistados para a elaboração do diálogo; b) o pesquisador deve pensar também no local onde a entrevista pode ser produzida, sendo importante escolher um em comum acordo com o sujeito entrevistado e, de preferência, onde o mesmo sinta-se mais à vontade; c) considerar que alguns fatores podem influenciar no desenvolvimento da narrativa, como o fato da temática envolver vínculos profissionais e pessoais com de quem fala, a relação entre entrevistado/a e entrevistador/a, e os dispositivos de memória utilizados pelo/a pesquisador/a para suscitar detalhes da narrativa; d) deve-se pensar antecipadamente no tipo de entrevista a ser realizada, sendo os mais citados: entrevista dirigida e fechada, semi dirigida e aberta. Para arquivamento, e posterior análise, deve-se produzir uma transcrição que abarque os comportamentos de ocultação verbal e as emoções do discurso que podem ser perdidos em uma transcrição puramente técnica, além de cuidados técnicos e éticos, incluindo observações e formas de identificação que possam ter sido definidos a priori e expressos em termos de consentimento livre e esclarecido. Por fim, a análise da entrevista leva em consideração a perspectiva, a distância e a intenção dos entrevistados, as unidades de significado de sua narrativa e a potencialidade de categorias emergentes que não haviam sido previstas pelo pesquisador, os pontos do discurso coletivo ou indicadores de memória social presentes nos grupos/quadros sociais e institucionais de referência das narrativas.

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