ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO AO USO DE DROGAS NA ADOLESCÊNCIA: ENTRE A SEGURANÇA PÚBLICA E A PROMOÇÃO DE SAÚDE

Mariana Soares Teixeira, Laura Silva Geller, Denise Vidal, Letiane de Souza Machado, Marcia de Bastos Braatz, Edna Linhares Garcia

Resumo


Na intenção de melhor assistir e organizar a população, a área da saúde resgatou o conceito de território, estando esse dentre os mais importantes do Sistema Único de Saúde (SUS), possibilitando pensar o cuidado em saúde atravessado por questões históricas, culturais, ambientais e subjetivas. Desta forma, entende-se que o território não se restringe apenas ao espaço físico e geográfico, mas que ele compreende também a dinâmica social, sendo o cenário da vida cotidiana. A Política Nacional de Atenção Básica por sua vez, dispõe a descentralização do cuidado em saúde, possibilitando que esse se dê no território, através das Unidades Básicas de Saúde. O presente estudo trata de um recorte da pesquisa intitulada “Narrativas de adolescentes sobre drogas e os Serviços de Saúde Mental: CAPSia e CAPSad: intersecções possíveis no contexto de Santa Cruz do Sul” que tem como objetivo compreender o lugar que a droga ocupa na constituição do sujeito. Colaborando com o Programa Saúde na Escola (PSE) a pesquisa supracitada objetiva articular as narrativas dos adolescentes, da comunidade escolar e das instituições de saúde na tentativa de identificar percepções acerca da temática. Desta forma, são realizadas entrevistas semiestruturadas com os profissionais das Estratégias de Saúde da Família (ESF) correspondentes ao território das escolas participantes do estudo, como também com as equipes diretivas das escolas. O PSE propõe-se a realizar no ambiente escolar atividades de promoção de saúde e prevenção aos agravos à saúde, fortalecendo o vínculo entre a rede de cuidado e a educação. Para tanto, dispõe de 17 ações em saúde a serem desenvolvidas em articulação com a rede de educação corroborando com as diretrizes do SUS. Dentre as ações dispostas no programa estão a prevenção e redução do consumo do álcool e a prevenção do uso de drogas, no entanto, não são consideradas necessariamente ações prioritárias. Porém, a escola é um espaço potencial de aprendizagem, desenvolvimento, como também de produção e atribuição de sentidos pelos educandos, o que oportuniza um importante espaço de discussão acerca da temática. A partir dos dados obtidos através das entrevistas com as equipes diretivas percebe-se que, uma das principais estratégias adotadas ao enfrentamento da problemática das drogas na adolescência é o Programa Educacional de Resistência às Drogas – PROERD, ministrado por profissionais vinculados à área da segurança pública, representado por instituições policiais. Em contrapartida as ações em saúde relacionadas à essa temática apresentaram-se como emergenciais, escassas ou inexistentes Os estudos e pesquisas acerca da droga e da drogadição tem assegurado tratar-se também de uma questão que deva ser abarcada pelas políticas de saúde e educação, fazendo-se necessária a ampliação metodológica para a escuta de outros saberes produzidos no encontro com os jovens. Visto que a adolescência também se configura como uma fase de desenvolvimento e reflexões acerca da própria realidade e construção de saberes individuais e coletivos. Dada a noção de território referida anteriormente, enfatiza-se a importância do diálogo entre as instituições de saúde e de educação, uma vez que, tais instituições são atravessadas pelas questões pertinentes aos seus respectivos territórios, possibilitando uma maior compreensão do sentido atribuído a temática da droga e da drogadição.

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